Andery (1990) tem razão ao afirmar que Skinner desde muito cedo estava prioritariamente preocupado com o comportamento humano 9 e se Richelle (1981) também estiver correto ao dizer que nossa espécie opera com um programa aberto (p. 55), onde as influências dos padrões inatos de resposta seriam mínimas se comparadas as do ambiente ontogenético [história de vida] e cultural, então, Skinner estaria aparentemente protegido de toda discussão sobre os limites filogenéticos [espécie] da aprendizagem, já que seu objeto de interesse não seria significativamente limitado por tal conjunto de variáveis biológicas e permaneceria amplamente sensível às contingências de reforçamento [incentivos e desincentivos]. Se Skinner, de fato, estava mais interessado, especificamente, no [livro] Ciência e Comportamento Humano (1953/1989) do que, genericamente, no [livro] O Comportamento dos Organismos (1938), então, ele, aparentemente, não teria muitos motivos para se abalar com a interferência dos padrões comportamentais inatos. Sendo o seu principal objetivo entender e controlar o comportamento humano, e sendo este um organismo relativamente distante dos padrões instintivos, Skinner poderia prosseguir com sua ciência sem maiores transtornos. Obviamente, outros problemas deveriam ser tratados, e já estão sendo, como é o caso do comportamento verbal, e mais particularmente do chamado "comportamento governado por regras". A nossa linguagem e a nossa cultura parecem ser os problemas-chave do comportamento humano, porque seriam eles os principais elementos que diferenciariam nosso padrão de aprendizagem dos demais organismos (Lowe, 1979). Talvez, por isso, seja mais relevante para a compreensão e controle do comportamento humano, tentar identificar os cultural constraints (constrições culturais) ou linguistical boundaries (limites linguísticos) da aprendizagem.
No artigo Skinner e o Lugar das Variáveis Biológicas em uma Explicação Comportamental
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