"A maioria das pessoas acredita que pessoas psicóticas sofrem de ilusões e alucinações, executam atos ilógicos ou sem motivo e negam sua doença. A verdade é mais simples e dolorosa. Os atos e a fala dos psicóticos fazem muito sentido, mas isto é algo tão perturbador que preferimos não ouvir nem entender. Essa recusa de uma pessoa normal em reconhecer o método na conduta irregular do outro pode ser uma opção existencial razoável. Mas aquele que não quer entender o outro, não tem direito a dizer que aquilo que o outro faz ou diz não faz sentido. Um jornalista registra, de forma esclarecedora, ao visitar Harvey, um ex-paciente mental na estação do metrô onde mora: "Cada vez que eu via Harvey, oferecia-me para escoltá-lo até o hospital. Ele sempre recusava... Era obviamente incapaz de entender minha proposta de ajuda". Pessoalmente acho que era exatamente o contrário, o repórter é que era incapaz, ou não tinha vontade de entender, o que Harvey queria e porque ele o queria. O provérbio nos diz que os atos falam mais do que as palavras. Na verdade, as ações falam o mais alto possível quando a pessoa se dirige a um interlocutor que se recusa a ouvi-la."
Thomas Szasz - do livro Cruel Compaixão
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