Na obra, o pesquisador questiona se, na vida real, o principal objetivo
da medicina contemporânea é de fato o paciente. Para Vianna, este é
substituído pelo médico, pelo hospital, pela ciência, pelo plano de
saúde, pela sociedade, ou, quando muito, pelo ‘cliente consumidor. Todo
esse desvio ocorre em uma atmosfera já marcada pelo impacto do avanço
tecnológico, agora agravado pela financeirização da medicina, com uma
mais profunda e perversa deterioração da relação entre médico e
paciente. O autor analisou como cada um desses componentes tem
prioridade em relação ao paciente no sistema de atenção à saúde.
Provocador, Vianna questiona e até ironiza a prática médica atual.“O
paciente, essa peça fundamental para a existência da medicina, como uma
engrenagem sem a qual todo o sistema não funciona, até porque justifica
toda a existência do próprio sistema – e em seu nome são levantadas
todas as justificativas de resoluções de condutas, principalmente as
mais conflituosas – definitivamente, não funciona nem como motivo
condutor das ações individuais, nem como finalidade global do sistema”,
afirma Vianna.Depois de mais de vinte anos de observação e prática
profissional, o médico se debruçou em pesquisas acadêmicas para examinar
a doença da medicina contemporânea. O diagnóstico a que chegou aponta
para a falta de uma matriz para a já tão enfraquecida ética médica.
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