Limitações da psiquiatria biomédica Controvérsia entre psiquiatras farmacológicos e reforma psiquiátrica Psiquiatria não comercial e íntegra Suporte para desmame de drogas psiquiátricas Concepções psicossociais Gerenciamento de benefícios/riscos dos psicoativos Acessibilidade para Deficiência psicossocial Psiquiatria com senso crítico Temas em Saúde Mental Prevenção quaternária Consumo informado Decisão compartilhada Autonomia "Movimento" de ex-usuários Alta psiquiátrica Justiça epistêmica
Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)
Aviso!
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Novidade = problema
Existe uma definição interessante na área de resolução de prolemas. Novidade significa um problema para resolver. Portanto, a estabilidade é uma vida sem novidades e incidentes. Crise é quando novidades e incidentes acontecem. Dito de outra maneira, estabilidade é quando tudo já foi estabelecido e crise quando as coisas estão em transição e se estabelecendo/se desestabelecendo.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
Reducionismo biológico é intuitivo no senso comum
Parece que a coisa mais intuitiva para o senso comum é o reducionismo biológico na saúde mental. A população está sem alternativas de percepção.
Desmame, ambiente social e deficiência como percepção
Fazer desmame se torna muito mais difícil se todo o ambiente social percebe isso como impossível, arriscado e absurdo. O ambiente social percebe a pessoa como deficiente, o qual é um dos critérios para a inclusão na categoria de pessoa com deficiência. Essa percepção social é uma barreira atitudinal bastante pesada pois qualquer incidente ou qualquer coisa diferente que acontecer será vista como sinal de uma doença subjacente.
Alterar Fisiologia e comportamento sem drogas
Por mais que se critique as drogas psiquiátricas enquanto o público não entender que é possível controlar a fisiologia e modificar o comportamento sem drogas vai ser difícil mudar a patologização e medicalização. Psicólogos podem ter dificuldade de fazer isso também dependendo da própria formação e eles precisam dar conta disso.
Responsabilidade é assustar familiares?
Em livros de medicina sóbria que li dizia que o médico que assusta é considerado responsável pela população. Qual é a responsabilidade de assustar familiares para vender tratamento excessivo?
domingo, 27 de dezembro de 2020
Textos pagos sobre inclusão - Romeu Sassaki
Romeu Sassaki – Sociedade Inclusiva
Produção e disponibilização de artigos de Romeu Sassaki sobre a Inclusão de Pessoas com Deficiência.
sábado, 26 de dezembro de 2020
Repetir o que todos dizem
Grande maioria das pessoas só sabe repetir o que todos dizem. É coisa de que quem não tem ideia do que está fazendo e é uma maneira de se esconder atrás do discurso majoritário
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Função da dopamina e definição de deficiência
A dopamina tem a função de regular a reatividade ou interação do organismo com o meio externo. Os neurolépticos reduzem a interação do organismo com o meio externo e os psiquiatras e familiares consideram isso um aumento de saúde. Mas isso é basicamente a definição de deficiência: a redução da capacidade de relação com o meio. Os psiquiatrias ainda endossam e fortalecem a ideia de que a deficiência (nesse caso transtornos mentais) é um problema apenas do organismo. A deficiência não é apenas sinônimo de doença, mas ocorre quando as barreiras sociais levam ao impedimento de acesso a algo. Esse discurso médico leva a fortalecer e manter as barreiras atitudinais, reduzindo o acesso a direitos e produzindo deficiência.
Os neurolépticos colocam o repertório comportamental inteiro em extinção. Quem se comporta menos, aprende menos. Aprender menos é menor desenvolvimento ou desenvolvimento mais lento.
Definição de deficiência psicossocial
A Lei dos Americanos com Deficiência, aprovada através da Lei Pública 101-336, em 26/7/90, define que o termo “deficiência” em relação a uma pessoa significa: (a) Um impedimento físico ou mental que limita substancialmente uma ou mais das principais atividades vitais de tal pessoa; (b) um registro de tal impedimento; ou (c) ser percebida como tendo tal impedimento. Interpretando esta definição, temos: Letra “a” - as principais atividades vitais são ver, ouvir, falar, andar,respirar, desempenhar tarefas manuais, aprender, cuidar de si mesma, e trabalhar.
Estão cobertas pela lei as pessoas com epilepsia, paralisias, significativo impedimento visual ou auditivo, deficiência intelectual ou deficiência de aprendizagem. Não estão cobertas as pessoas que tenham condição não-crônica, não-significativa, de curta duração, tais como uma distensão, infecção, membro quebrado (braço, mão, perna, pé). Letra “b” - está incluída uma pessoa com histórico de câncer que esteja atualmente em fase de diminuição ou uma pessoa com histórico de transtorno mental. Letra “c” – estão protegidas as pessoas percebidas e tratadas como se tivessem uma deficiência significativamente limitante, mesmo que elas não possuam tal impedimento. Por exemplo, uma pessoa com o rosto severamente desfigurado, porém qualificada para o trabalho e a quem lhe foi negado um emprego porque o eventual empregador temia uma ‘reação negativa de seus empregados (Thornburgh, 1991).
Aproximadamente 15 anos antes da adoção da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a Assembleia Geral da ONU aprovou o documento Princípios para a Proteção das Pessoas com Transtorno Mental e para a Melhoria dos Cuidados de Saúde Mental (ONU, 1991). Para fundamentar estes princípios, a ONU levou em consideração outros documentos, entre os quais a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, cujo artigo 1 diz: “O termo ‘pessoa deficiente’ significa qualquer pessoa incapacitada para assegurar para si, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, como resultado de uma deficiência, seja congênita ou não, em suas capacidades físicas ou intelectuais” (ONU,1975).
No citado documento Princípios, o termo genérico “pessoas com transtorno mental” inclui também as pessoas com sequelas de transtorno mental (Princípio 4. ONU, 1991), ou seja, pessoas que não mais apresentam dano sério para a própria saúde ou para a segurança de outras pessoas (Princípios 18 e 19. ONU, 1991), ou ainda ex-pacientes psiquiátricos (Princípio 21. ONU, 1991). Todas estas pessoas são agora chamadas pessoas com deficiência psicossocial.
terça-feira, 22 de dezembro de 2020
Status na etologia e tratamento psiquiátrico
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
Internação forçada pode aumentar suicídio
A hospitalização involuntária poderia aumentar o risco de suicídio
sábado, 19 de dezembro de 2020
A questão social (Robert Castel)
Uma das contribuições mais significativas de Robert Castel em sua obra As Metamorfoses da Questão Social. Uma crônica do salário (1995) foi mostrar que com o surgimento da Revolução Industrial e o advento da modernidade liberal, a ‘condição salarial’ se tornou uma resposta a ‘questão social’. Em Castel
a questão social diz respeito aos pobres que compreendem os
supranumerários, os inempregáveis, os desfiliados, os desvalidados, os
dissociados, os desqualificados, os supérfluos, os desterritorializados ,
aqueles enfim que se encontram a margem da sociedade.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Neurolépticos vitalício, a discinesia tardia e proteção legal
Discinesia tardia
Uma síndrome de movimentos discinéticos involuntários [também ocorre na síndrome de parkinson], potencialmente irreversíveis, pode se desenvolver em pacientes tratados com medicamentos antipsicóticos. Embora a prevalência da síndrome pareça ser maior entre os idosos, especialmente mulheres idosas, é impossível prever quais pacientes desenvolverão a síndrome. Não se sabe se os medicamentos antipsicóticos diferem em seu potencial para causar discinesia tardia.
O risco de desenvolver discinesia tardia e a probabilidade de que se torne irreversível parecem aumentar à medida que a duração do tratamento e a dose cumulativa total de medicamentos antipsicóticos administrados ao paciente aumentam, mas a síndrome pode se desenvolver após períodos de tratamento relativamente breves em doses baixas, embora isso seja incomum.
Dadas essas considerações, INVEGA SUSTENNA® deve ser prescrito de uma maneira que seja mais provável para minimizar a ocorrência de discinesia tardia. O tratamento antipsicótico crônico geralmente deve ser reservado para pacientes que sofrem de uma doença crônica que é conhecida por responder aos medicamentos antipsicóticos. Em pacientes que requerem tratamento crônico, deve-se buscar a menor dose e a menor duração do tratamento que produza uma resposta clínica satisfatória. A necessidade de continuação do tratamento deve ser reavaliada periodicamente.
https://www.rxlist.com/invega-sustenna-drug.htm#warnings
[Comentário: A partir do entendimento de que a bula tem função de proteção legal da indústria farmacêutica e do médico, isso sugere que um psiquiatra que afirma que o paciente deve tomar neuroléptico a vida inteira NÃO ESTÁ PROTEGIDO LEGALMENTE e está colocando o paciente em risco.]
quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
Contracultura
Entendimento mais profundo e crítico sobre contracultura
https://fflch.usp.br/sites/fflch.usp.br/files/2017-11/Contracultura.pdfhttps://elpais.com/diario/2005/05/18/cultura/1116367205_850215.html
terça-feira, 15 de dezembro de 2020
Mentalidade anticonceitual no Brasil e áreas psi
Acredito que seja o principal problema para valorização da psicologia: a mentalidade anticonceitual do brasileiro. O brasileiro defende a cisão entre conceitos e prática: a psicologia seria uma área "conceitual" sem relação com a prática enquanto que a medicina é apenas uma disciplina "prática".
Até animais desenvolvem conceitos para agrupar estímulos e responder diferencialmente ao ambiente mas o brasileiro defende que conceitos são o mundo da lua. Sem conceitos ou pensamento conceitual não se consegue entender nada, se fica sempre no escuro ou pelo menos se reduz bastante a capacidade de lidar com a realidade.
domingo, 13 de dezembro de 2020
Definição vulgar de médico
Médico. Def.: um anjo desinteressado com habilidades técnicas de semideus. Um guardião sobrenatural da saúde que joga praga de ruína caso você não faça o que ele dita.
A droga "funciona" quando há melhora
Quando surge um sofrimento ou dificuldade é comum tentar várias drogas que parecem não funcionar de jeito nenhum. Então quando a pessoa melhora por conta própria ou outras razões a droga passa a "funcionar". A diferença entre as drogas não é tão grande assim pois há poucas classes de drogas e elas funcionam basicamente da mesma maneira.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
Sistema ambulatorial privado (crítica)
Gostei muito da crítica ao sistema ambulatorial privado feita pelo psiquiatra Marcelo Kimate no Congresso Brasileiro de Saúde Mental da ABRASME: é um grande promotor de uso de drogas psiquiátricas, gera e acumula demanda sem resolutividade e sem porta de saída. Se não fosse por isso eu nem me importaria muito de criticar a psiquiatria.
Cidadezinha qualquer (Poesia Drummond)
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
Lógica e sociedade
O que a sociedade chama de boa lógica é o que ela espera das pessoas. Um raciocínio pode ser bom mas ser considerado inapropriado ou loucura se for inconveniente ou pouco frequente. Atitudes inusuais durante uma época podem se tornar usuais depois.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Fatores antimédicos nos médicos
Os principais reducionismos que agridem a identidade essencial do médico e fazem com que um destes profissionais se torne um agente antimédico são o mercantilismo, o tecnicismo, o antitecnicismo e o burocratismo.
Mercantilista ou mercenário é o médico que faz do dinheiro a única ou a mais importante motivação de seu trabalho. Perversão que tem sido muito estimulada pela sociedade nos tempos que correm. O que a torna pior. O tecnicismo ou cientificismo é a perversão da conduta médica que ignora os aspectos humanos, humanistas e humanitários de sua atividade e exclusivizam ou fazem sobressair o aspecto técnico-científico. O antitécnico ou anticientífico assinala a perversão oposta, o que ignora ou minimiza os aspectos científicos da atividade profissional médica. A perversão burocrática da medicina, na qual incorrem os médi-cos burocratistas, se revela do endeusamento dos meios sobre os fins e dos recursos auxiliares, como as normas ou rotinas administrativas, acima dos interesses dos doentes. O médico burocrata pode deixar sofrer um paciente por falta de um carimbo, um papel, uma coisa acessória qualquer.
https://portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/introduo%20e%20medicina_livro.pdf
Sobre a expressão "Ideologia irresponsável"
Irresponsável em relação ao quê? Em relação à suposta validade do saber psiquiátrico.
Ideologia em qual sentido? Algo que questiona um saber supostamente científico só pode ser depreciado como ideologia. O sentido de ideologia pode ser por considerar que saúde mental envolve algo além do cérebro, envolve sociedade também. Ou ideologia no sentido de depreciar as ciências humanas por mencionar a sociologia do conhecimento da psiquiatria biomédica.
Interesses? Há muito mais interesse particular na psiquiatria biomédica. Isso chega a ser óbvio. Mas é preciso mencionar: o complexo médico-industrial na forma de hospitais, indústria farmacêutica e equipamento de eletrochoque. Na reforma psiquiátrica há tão poucos interesses particulares em jogo que chegam a ser irrelevantes.
Eu comecei o blogue agnóstico sobre o modelo médico e a reforma psiquiátrica. Cada vez mais me convenci que o modelo médico na saúde mental tem pouca validade científica e que a reforma psiquiátrica tem conhecimento sólido como base. Agora, se a sociedade é capaz de compreender isso não sei pois tende a enaltecer o médico como um anjo heroico e desinteressado. Ironicamente, desde novo eu sempre desconfiei das motivações da maioria dos médicos.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2020
Guedes, Damares e a Reforma psiquiátrica
"Seria um contrassenso falar em privatizar o SUS", diz Paulo Guedes em comissão sobre a covid-19
Projeto de medicalização da psiquiatria biológica
O projeto de medicalização da psiquiatria biológica é tomar os diferentes como suspeitos e proteger a sociedade dos diferentes.
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
Diagnóstico como acusação
Os psiquiatras às vezes usam o diagnóstico em tom acusatório. Isso mostra que na verdade eles não estão a serviço do cliente.
Crítica antipsiquiátrica à psiquiatria
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
Análise do comportamento e reforma psiquiátrica
A análise do comportamento costumava ser a Geni da saúde mental, sendo mal falada por diversos atores sociais. Apesar de ser uma área científica e biológica não se apropria da vida das pessoas como é criticado pela reforma psiquiátrica e também permite resistir à condições de opressão através do ensino de comportamentos. Em sua linha mais tradicional não é patologizante ao se referir ao comportamento, apesar de haver parcerias de alguns analistas do comportamento com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O psiquiatria biológico (manicomial) Valentim Gentil afirma em entrevista que não se opõe necessariamente à desmedicalização desde que as intervenções sejam superiores ás intervenções médicas em psiquiatria. A análise do comportamento lida principalmente com a operacionalização de variáveis ambientais que alteram a probabilidade de comportamentos e também é uma forma de respeito ao darwinismo no sentido de continuidade de estruturas biológicas com outras espécies. A generalização entre espécies para os fenômenos e processos psicológicos é verificada para cada espécie estudada, inclusive o ser humano. A minha proposta, apesar do risco de desmoralização da área com o seu mau uso, é de que a análise do comportamento seja usada como conhecimento de retaguarda para quando as outras intervenções se mostraram insuficientes. Uma das bases mais tradicionais da análise do comportamento desde Skinner é a relativização do modelo médico em saúde mental e do organicismo. Acredito que a análise do comportamento poderia ser uma aliada à reforma psiquiátrica apesar das dificuldades de aceitação dos profissionais de saúde mental e apesar da dificuldade de compreensão e formação existente para colocar isso em prática. A análise do comportamento teve alguma influência no início dos movimentos de reforma da saúde mental ao provar o conceito de que seria possível a melhora da saúde mental através do manejo ambiental como afirma Todorov em seu blogue.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
Antipsiquiatria (Entendimento pessoal)
O meu entendimento pessoal da antipsiquiatria é que é possível transformar o que é chamado pela psiquiatria de transtorno em diversas situações-problemas que são descrições mais fidedignas e melhor orientam soluções. É isso o que o Laing faz em Sanidade, loucura e família.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
Slow medicine (comentário anônimo)
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
Adiantar relógio biológico com exercícios
Fazer exercícios à noite atrasa o relógio biológico e por isso a tendência é ficar grogue durante a manhã. Já fazer exercício às 7 horas da manhã ou das 13 horas até às 16 horas adianta o relógio biológico e a pessoa passa a se sentir bem de manhã. Isso é importante pois compensa o efeito das drogas psiquiátricas sedativas.
Suspeita de viés no Google
A quantidade de visitas nos últimos dois meses nesse blogue foi exatamente a mesma: 1136. O que me faz suspeitar que o Google estabelece metas ou enviesa os resultados de acordo com algum critério. Em alguns momentos já chegou a 5 mil e geralmente a tendência se mantém no mesmo nível em meses seguidos.
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
Função de comportamentos e antipsiquiatria
Se você está triste porque tem razão para estar,
você não está doente.
Se você está com raiva porque tem uma razão para estar,
você não está doente.
Se você está feliz porque tem razão para ser,
você não está doente.
Seria estranho o contrário, exatamente o que o psi quer fazer, torná-lo diferente de como deveria se sentir fisiologicamente. A função do cérebro é fazer com que você reaja como achar melhor, porque é você quem vive sua vida, não os outros, não o psi, não seus princípios.
Do canal no telegram chamado Antipsy Resistance
Psiquiatria e a vontade dos outros
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
Liberdade - Tocqueville
Nunca será dizer demais: não há nada mais fecundo em maravilhas do que a arte de ser livre;
mas não há nada mais difícil do que o aprendizado da liberdade.
Tocqueville - Democracia na América.
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
Série Lógica e Comportamento (atualizado)
https://crisedapsiquiatria.blogspot.com/2020/12/logica-e-sociedade.html?m=1
Lógica e sociedade
O que a sociedade chama de boa lógica é o que ela espera das pessoas. Um raciocínio pode ser bom mas ser considerado inapropriado ou loucura se for inconveniente ou pouco frequente. Atitudes inusuais durante uma época podem se tornar usuais depois.
https://crisedapsiquiatria.blogspot.com/2020/11/logica-e-mudanca-de-comportamento.html
Lógica e mudança de comportamento
O comportamento como um ramo da biologia não é lógico no sentido de articulação de proposições. Logo, argumentar não é um caminho eficaz para mudança de comportamentos. Confrontar os princípios do comportamento com a lógica é constatar absurdos lógicos em todo lugar. Escolher a lógica pode levar a desrespeitar os princípios do comportamento e isso é lido pela sociedade como loucura. Respeitar os princípios do comportamento como uma racionalidade biológica é a opção mais benéfica e impositiva.
https://crisedapsiquiatria.blogspot.com/2020/11/adesao-tradicoes-e-logica.html
Adesão a tradições e lógica
Lógica e análise do comportamento
Referências:
Livro: Comportamento verbal. Autor Skinner.
Algum outro lugar da internet
Razão definida (para Skinner/comportamentalmente)
"Como C.S. Lewis afirmou, a razão é um desses traços não analisáveis, porque na tentativa de derivá-la de fatores irracionais nós destruímos suas reivindicações de correspondência com a verdade objetiva." (Carta para o editor, The sciences, Janeiro/Fevereiro 1976.)
"Um traço derivado de fatores reivindicando correspondência com a verdade objetiva" - o que isso pode ser?
O raciocínio como uma atividade pode ser definido. Não é um traço, um fator, ou um correspondedor com a verdade objetiva. É a análise de contingências de reforçamento, com a ajuda do qual o raciocinador pode satisfazer as contingências sem ser diretamente afetado por elas. Ao invés de jogar dados com uma probabilidade surgindo das frequências encontradas numa longa história jogando, a pessoa "examina o espaço da amostra" e age "racionalmente" a respeito de um dado cenário.
Livro Notebooks (1980), Skinner
Adesão a tradições e lógica
Ambiente favorável versus Melhoria de repertório
Há duas formas de se resolver problemas de comportamento: através de melhoria de repertório ou através de um ambiente favorável. Familiares etnocêntricos costumam avaliar que o repertório do familiar diagnosticado precisa melhorar para ser mais favorável. Outro caminho que facilita bastante a vida do diagnosticado é os familiares se disporem a aprender para favorecer o ambiente do diagnosticado. Quem tem menos poder é quem acaba forçado a trabalhar o próprio repertório. Quem tem mais poder acaba não tendo crítica do impacto que o próprio comportamento gera no ambiente pois pode exigir mudanças.
Lógica e mudança de comportamento
O comportamento como um ramo da biologia não é lógico no sentido de articulação de proposições. Logo, argumentar não é um caminho eficaz para mudança de comportamentos. Confrontar os princípios do comportamento com a lógica é constatar absurdos lógicos em todo lugar. Escolher a lógica pode levar a desrespeitar os princípios do comportamento e isso é lido pela sociedade como loucura. Respeitar os princípios do comportamento como uma racionalidade biológica é a opção mais benéfica e impositiva.
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
Liberdade de pensamento (Bertrand Russell)
Nova política do adsense - desista
Meu blogue não está mais de acordo com a nova política do google adsense. A Google não aceita mais site de curadoria. Nem os centavos mais vou receber.
terça-feira, 17 de novembro de 2020
Por que o Novembro Azul não faz sentido?
https://www.youtube.com/watch?v=skUOHWgm9Ds
O mesmo raciocínio vale para rastreamento psiquiátrico e outras formas de rastreamento.
terça-feira, 10 de novembro de 2020
Ataque cibernético ao blogue
Estou precisando defender esse blogue de ataques cibernéticos. Estou estudando maneiras de bloquear ip de visitantes maliciosos que usam bot (robôs).
sábado, 7 de novembro de 2020
Estudante universitário quase sem cérebro
Ainda assim os psiquiatras biológicos afirmam que todos são frágeis se não levarem vidas confortáveis.
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
[Curta] Mãe e filho ligados pelo cordão umbilical
https://www.youtube.com/watch?v=om0DKGrPErA&t=1s
Não tenho a referência do curta. Encontrei esse vídeo num grupo telegram italiano de antipsiquiatria.
domingo, 25 de outubro de 2020
Construcionismo Social e realidade
Essa é a principal ideia defendida pelo Construcionismo Social: a realidade é uma construção dialogada e partilhada, um empreendimento viável apenas conjuntamente e por intermédio das práticas sociais (SPINK, 2010, p.09). Nessa lógica, a realidade é uma instância criada pelos sujeitos sociais na esteira da tradição cultural que impera em um determinado grupo, no interior do qual existe, mas pode variar ou não existir fora dele. Os sentidos são elaborados dentro das relações – que são regidas por regras, hábitos, valores e normas reconhecidas e compartilhadas em uma comunidade em particular. Deste modo, a construção da realidade é concebida como a efetivação de acordos comunitários, que chancelam as verdades reconhecidas (GERGEN, 2010). Nessa visão, a verdade é produzida pelo grupo social. Esse é um modo de perceber esclarecedor, que conduz à rejeição de verdades universais e à valorização de reflexões amparadas em maneiras plurais de dar sentido e avaliar, com especial favorecimento do diálogo nos processos de significação.
Referência:
PIMENTEL, Ana Paula; AMARANTE, Paulo Duarte de Carvalho. Paradigms, Perceptions and Practices in Mental Health: A Case Study Based on Bakhtin. Bakhtiniana, Rev. Estud. Discurso, São Paulo , v. 15, n. 3, p. 8-33, Sept. 2020
Comportamento de vício e suporte social (Rachlin)
O analista do comportamento Rachlin afirma no seu livro Self-control (auto-controle) que o comportamento de vício (adicção) é substituição para privação de suporte social. O aumento de suporte social (habilidades, recursos e socialização) ou a redução do custo do suporte social a próximo de zero reduz o comportamento de vício (adicção).
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
Diagnóstico tardio de autismo
Enquanto a criança autista tem grandes prejuízos, o adulto diagnosticado tardiamente geralmente constrói uma vida em cima dessa narrativa ou nova identidade. São bem diferentes as duas situações.
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
terça-feira, 20 de outubro de 2020
Acessibilidade da informação
http://www.inclusive.org.br/arquivos/31902
Só é acessível se der para entender
Heloisa Fischer
O tema da palestra de abertura do Seminário Internacional de Acessibilidade Cultural colocou-se em forma de pergunta, “Comunicamos para quem?”, e isso não foi à toa. A fala da museóloga e gestora cultural portuguesa Maria Vlachou lançou muitos questionamentos. Dada a sintonia entre o ponto de vista da palestrante e a minha perspectiva sobre a escrita difícil de entender, inicio esta reflexão dialogando com alguns pontos que foram ali levantados.
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
Questão de transparência - Tratamento irregular
Uma questão de transparência sobre o blogue é que minha experiência pessoal é que TODOS os aspectos do tratamento psiquiátrico que recebi foram irregulares. O conhecimento técnico apenas permitiu perceber isso e ter argumentos.
Complementariedade Mercadológica Psiquiatria e Psicologia
A complementariedade mercadológica entre psiquiatria e psicologia é equivalente a um é e não é. A medicina torna médico (medicaliza) o psicossocial e trata o corpo. A psicologia considera os problemas de vida como um problema médico mas mesmo assim trata a vida da pessoa e os comportamentos. Há um cruzamento de naturezas do problema nas duas áreas. Ora, se o problema fosse realmente de natureza biomédica o tratamento biomédico seria suficiente. E se o problema for psicossocial o tratamento da vida e dos comportamentos seria suficiente. É apenas uma aliança mercadológica. A psiquiatria atual atua psicologicamente e lida com comportamentos ou problemas de vida. Ela não chegou num estágio de evolução de avaliar o corpo como as pessoas pensam.
domingo, 18 de outubro de 2020
Loucuras Curáveis: Uma Luz para a Cura da Esquizofrenia (Livro)
[Essa postagem é uma promoção feita a pedido e gratuitamente. Eu não avaliei o conteúdo como faço com o resto do blogue]
Vendo Livro Loucuras Curáveis: Uma Luz para a Cura da Esquizofrenia. Kleyde Mendes Lopes. Medicina, psicanálise, psiquiatria.
Preço: R$110,00 (incluso envio via correios)sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Indústrias e difusão de conhecimento
Tudo o que é muito difundido, principalmente na mídia mas também na universidade, é popular por conta de grandes indústrias por trás disso. É um fato básico que conhecimento ou sistemas de pensamento geram interesse quando geram privilégios. Há diversos conhecimentos de qualidade superior que não são populares porque não geram privilégios mas nem por isso deixam de ser benéficos.
Existência da esquizofrenia para Read
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
O termo antipsiquiatria e a psiquiatria crítica
Eu não me vejo como um antipsiquiatra, tampouco. Antipsiquiatria é um rótulo usado contra os críticos enquanto uma forma fácil de os silenciar e ignorar fatos incômodos.
segunda-feira, 12 de outubro de 2020
Trabalho, feminismo e pacientes psiquiátricos
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Quantidade de psiquiatras no Brasil
Com esses números dá para entender porque psiquiatras ruins fazem sucesso. Na prática isso implica que a população fica na mão dos psiquiatras ruins porque os bons já estão com consultas lotadas.Também dá para entender o discurso sobre desassistência e subdiagnóstico a partir desses números. Atualmente existem 10.396 especialistas em psiquiatria no país, de acordo com o estudo [Demografia Médica no Brasil 2018](https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=27509%3A2018-03-21-19-29-36&catid=3). O estudo mostra uma baixa razão de distribuição (5,01/100 mil habitantes). Psiquiatras por 100 mil habitantes Brasil: 5,0 Média mundial: 17,0
Ler mais:
https://crisedapsiquiatria.blogspot.com/2020/05/paises-com-falta-de-psiquiatras.html
quarta-feira, 7 de outubro de 2020
Discriminação e economia
https://www.youtube.com/watch?v=WDe5RKNz0pk
E quanto ao papel da política no futuro econômico de negros neste país. Novamente eu iria desenvolver a experiência de outro países e outros grupos. Não posso pensar em um único grupo em qualquer lugar do mundo que saiu da pobreza para riqueza através da política, há qualquer número de grupos que surgiram de pobreza para afluência por quase todos os outros meios concebíveis quando eu olho para os grupos que tiveram aumentos espetaculares como os judeus ou os Chineses são quase invariavelmente grupos que ficaram longe da política e eles geralmente ficavam longe até depois que eles se tornaram ricos alguns deles podiam então se dar ao luxo de entrar na política, mas que não foi o mecanismo pelo qual eles conseguiram onde eles estão qual era o mecanismo mas basicamente habilidades, trabalho e economizando. Agora você está dizendo então que o caminho da comunidade negra em termos de registro eleitoral e político, o empoderamento político está no caminho errado, eu acho que se você esperar disso um avanço econômico para a massa de negros agora se tudo o que você está procurando é algum avanço por parte dos líderes ou se o que você está procurando é algo como o que aconteceu no revolução dos direitos civis onde você precisava superar o sistema Jim Crow (discriminação legalizada) foi uma enorme conquista através da política, como aponto no livro, então não é que a política não possa fazer qualquer coisa. É uma questão de política como todo o resto. Tem algumas coisas que ela pode fazer e algumas coisas que não pode fazer e pelo que tenho visto de grupos em todo o mundo, economicamente, uma das coisas que parecem não ser capazes de fazer é tirar grupos da pobreza para afluência. Bem quem controla a sociedade, aqueles que estão no controle da política ou aqueles no controle econômico?
Aqueles com habilidades econômicas tendem a avançar bem mais que aqueles que têm qualquer poder político e aqueles sem habilidades tendem a não avançar, mesmo quando eles têm grande poder político que dominam a sociedade. Você
domina uma sociedade através da política ou você domina através da economia
depende de como você o define, mas na Malásia, por exemplo, os malaios têm
dominação política esmagadora de sua sociedade e eles a usam impiedosamente
contra uma minoria chinesa, os chineses ainda fazem o dobro da receita do
Malaios, em média, você faz um declaração em seu livro Dr. Sowell e eu
gostaria de citar: Discriminação tem tem sido algo generalizado, mas não generalizadamente eficaz.
Sim, o que isso significa significa que as pessoas discriminaram outras pessoas onde quer que eles tenham o poder de fazer isso quase todos os lugares do mundo em quase a cada período da história, que alguns grupos sejam retidos por este e outros grupos parece não fazer nenhuma diferença em então, por exemplo, você tem habilidades empreendedoras. O fato de que as pessoas não contratavam judeus no século 19 não impediu os judeus de se contratarem e estabelecerem e dominar indústrias como a indústria de vestuário ou o começo dos grandes estúdios de Hollywood ou outras áreas da economia. São as habilidades que são cruciais e não o fato de que as pessoas estão dispostas ou não querem contratar. Até mesmo grupos que tenham uma grande animosidade para com outros grupos irá no entanto, contratar membros desses grupos com habilidades no longo prazo se há o suficiente deles para fazer isso valer a pena. Qual é a lição naquela declaração para americanos negros. Habilidades são o que import. Se outras pessoas não reconhecerem suas habilidades no curto prazo, então essas mesmas habilidades são úteis na comunidade negra com outros negros. É o que fez outros grupos avançar da pobreza para a riqueza, eu sei de nada mais que realmente tenha feito isso: habilidades e, claro, o trabalho e a poupança.
https://www.youtube.com/watch?v=3wg5NjqHoNc
domingo, 4 de outubro de 2020
Agrade a todos ou seja diagnosticado
Se o comportamento desejável é decidido politicamente, a implicação disso é que você vai ser cobrado a agradar todo mundo caso contrário irão arranjar um diagnóstico psiquiátrico ou problema psicológico para você.
A melhor maneira de desarticular críticos
Se psiquiatras tradicionais não fossem tão autoritários perceberiam que a melhor maneira de desarticular críticos é desmedicalizar.
sábado, 3 de outubro de 2020
Definir ou ser definido (szasz)
No reino animal, a regra é: coma ou seja comido; no reino humano, definir ou ser definido.
Thomas Szasz
quarta-feira, 30 de setembro de 2020
Testes projetivos: evidências muitos fracas
segunda-feira, 28 de setembro de 2020
Comportamento politicamente indesejável
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
Capacidades humanas, medicalização e estimulação
O que a psiquiatria chama de sintomas são exacerbações de características humanas ou capacidades humanas. O que a medicalização tenta fazer é reduzir a capacidade para sentir ansiedade por exemplo. Também é possível atuar na estimulação que ativa essa capacidade. Quando a medicina não se mostra eficaz para reduzir uma capacidade biológica se tenta vender uma tecnologia mais avançada como a farmacogenética. A insistência numa solução médica é grande da parte de médicos, pacientes e familiares. Já trabalhar a estimulação que ativa a capacidade mesmo que seja aumentada geneticamente e que mantém a ativação corporal é desconsiderada ou menos conhecida. É preciso uma boa dose de trabalho conceitual para levar em conta essa outra alternativa. O problema do entendimento estritamente médico é desconsiderar a estimulação e considerar a capacidade um mero lixo biológico. Se fosse apenas um lixo biológico para ser trabalhado as intervenções biomédicas solucionariam tais "sintomas". Mas a dificuldade continua e continua a fé nas soluções biomédicas transpondo a fé para o futuro que nunca chega.
sábado, 19 de setembro de 2020
A babaquice normopata: você representa um louco
A maneira mais fácil de identificar um normopata: ele comenta do nada que você é louco porque ele ouviu falar que você recebeu um diagnóstico e você não fez nada inapropriado. Tudo o que ele enxerga é que você representa um louco. Ele não consegue ver você como uma pessoa e nem como uma pessoa que merece respeito ou que tem alguma humanidade. Para ele você merece ser depreciado toda vez que ele entra em contato com você. Ele faz questão de se dirigir a você apenas para chamar você de louco. A única resposta apropriada a isso é ignorar a pessoa. Já que você não tem moral nenhuma para rebater pois vai faltar respaldo social.
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
setembro amarelo
Há um grande desejo, manifesto em parte da sociedade, de que as pessoas não tirem suas vidas. Uma expressão disso é o crescimento, ano após ano, do interesse em estudar, discutir, divulgar e principalmente prevenir o suicídio, que no mês de setembro torna-se ainda mais evidente, por conta de uma campanha internacional que ficou conhecida como setembro amarelo.
Ano após ano o setembro amarelo vem ganhando força e expressividade, mais e mais pessoas vêm aderindo às propostas desenvolvidas por entidades diversas, como o CVV (Centro de Valorização è Vida), grupos de caráter mais acadêmico e/ou vinculados à universidade, organizações não governamentais e, principalmente, a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), que se arroga a responsabilidade de ter trazido a campanha para o Brasil (o que parece dizer-nos algo sobre o caráter dessa campanha).
É certo que dar visibilidade ao fenômeno é necessário, todavia, de que maneira e qual visibilidade se pretende dar?
Sempre que se fala em suicídio (termo que para a grande parte das pessoas já traz, em si, uma conotação negativa, pejorativa), isso é feito a partir de uma determinada perspectiva, de uma certa concepção, que muitas vezes – principalmente quando estamos falando da popularização de um tema – não fica explícita, o que tem implicações para a própria compreensão desse tema.
Há várias formas de se compreender o suicídio, todas elas marcadas por momentos históricos e características sociais distintas, ou seja, todas elas produtos de uma cultura, numa dada sociedade, em um certo momento histórico, defendendo determinados interesses, queiram ou não, saibam ou não, explicitem ou não; aqueles que manifestam essas compreensões.
O que é mais visível nessas manifestações referentes ao setembro amarelo é que há, em grande parte das pessoas, principalmente aquelas que são leigas (ou quase) sobre o assunto, uma profunda boa vontade e intenção de ajudar, de forma voluntária e espontânea, partindo de suas crenças e concepções de mundo, de humano, de vida e de morte; sem pararem para pensar, muitas vezes, o que significa aquilo que estão defendendo e outras tantas vezes, fazendo coro com ideias que sequer sabem de onde vieram e a quais interesses compõem.
Vivemos em uma sociedade em que a morte em geral (e não só o suicídio) é um fenômeno do qual uma parte considerável das pessoas quer manter distância. Apesar de sua inevitabilidade, as pessoas querem que ela seja o mais tarde possível, para si e para seus próximos. Nessa sociedade, em que se quer ter distância da morte, busca-se, ao mesmo tempo, a manutenção da saúde e da vida a qualquer custo. Em uma sociedade em que a grande maioria quer viver o máximo possível e ser saudável, o que significa alguém tirar a própria vida? A interdição do suicídio aparece como algo premente, a valorização da vida deve ser a qualquer custo, agora, de qual vida!?
Deseja-se que as pessoas permaneçam vivas, não que elas possam ter uma vida que não lhes faça desejar a morte, a preocupação está muito mais em que elas não se matem do que nelas terem uma vida que seja digna de ser vivida.
O suicídio é historicamente um tabu porque ele faz emergir um conjunto de informações sobre a sociedade que não se deseja que venha à tona, já que explicita os melindres daquela sociedade. Assim, para se falar abertamente sobre o suicídio, sem expor esse conjunto de informações, é necessário atribuir-lhe determinadas características, que costumam reforçar um conjunto de concepções ideológicas acerca desse fenômeno, em geral aquelas que costumam encontrar nos próprios indivíduos as causas e os determinantes para que busquem suas próprias mortes, seja por conta de transtornos psíquicos (em geral explicados a partir de determinantes biológicos) ou de características psicológicas, reforçando assim o caráter individual desse fenômeno e velando o que nas relações que esses sujeitos estabelecem lhes produz o desejo de tirar suas próprias vidas.
Ao aparecer, ideologicamente, como uma questão de ordem individual (como uma parte considerável dos fenômenos sociais costumam aparecer), frequentemente patologizada, a forma de se lidar com o fato também toma esse mesmo caráter, assim, a questão deve ser resolvida no próprio indivíduo, por ele ou por quem possa impedi-lo, entretanto, as condições que lhe fazem desejar e buscar a própria morte permanecem intactas e ocultas.
Utilizam-se a terapia, os remédios e até mesmo as internações, produzem-se cartilhas para a prevenção, busca-se das mais diversas formas impedir que os sujeitos atentem contra si mesmos, mas a vida, as relações, as condições de existência, de saúde, de educação, afetivas,... Todas elas permanecem não apenas intocadas, como ocultas, causando naquele mesmo indivíduo e em um conjunto de outros indivíduos os mesmos desejos de não quererem vivê-las.
Nesse ano de 2016 a discussão tem tomado grandes proporções (significativamente maiores que nos anos anteriores), muitas matérias de jornal, muitas atividades nos mais diversos locais, muita gente envolvida, participando dessas atividades e compartilhando nas redes sociais o conjunto dessas iniciativas, muito apelo, tudo isso, na maior parte das vezes, motivado por um voluntarismo espontaneísta de fazer com que as pessoas permaneçam vivas, mas sem refletir criticamente sobre isso e sem se colocarem as questões acima expostas. São reproduzidas as visões hegemônicas sem qualquer questionamento, algumas vezes um tanto de informações que sequer são convergentes, mas o importante é dar visibilidade, é falar sobre, é fazer algo, não importa exatamente o quê, chegando ao ponto de um enorme conjunto de pessoas começar a disponibilizar seus celulares, whatsapp’s, chats privados e afins para escutarem e acolherem aqueles que estão sofrendo de alguma maneira, como se isso fosse, de fato, resolver alguma coisa. Essas concepções e compreensões acríticas, voluntaristas e espontaneístas, no final das contas, apenas contribuem para que a sociedade se mantenha como é, para que tudo permaneça como está, para que os problemas sigam sendo localizados nos indivíduos.
Na medida em que a mídia assumisse um papel crítico e parasse de reproduzir as concepções hegemônicas, em que os profissionais da saúde avançassem aos determinismos (principalmente biológico e psicológico) e explicitassem as contradições dessa sociedade, que as pessoas começassem a refletir sobre essas mortes para além dos indivíduos, que houvesse uma disposição em mudar radicalmente as condições de saúde e de vida das pessoas, então começaríamos a dar alguma visibilidade de fato a essa questão tão delicada e importante, não mais no sentido de ideologizar a realidade, mas no sentido de explicitá-la, para explicitar a necessidade de superação dessa sociedade em que a imensa maioria das pessoas vive em condições miseráveis para que uma ínfima quantidade tenha uma vida desejável. Entretanto, esperar que isso ocorra me parece um tanto ingênuo, a mídia está cumprindo seu papel, as ciências particulares estão cumprindo seus papéis, a ideologia está cumprindo seu papel... O setembro amarelo é isso, uma estratégia de visibilidade para ocultar onde de fato os problemas se encontram, com ampla participação das pessoas, para que todas se sintam colaborando... e estão... só não sabem exatamente para quê!
Não deve nos bastar manter as pessoas vivas, vivendo uma vida indesejável, que para se tornar suportável exige que, muitas vezes, lancem mão de vitaminas, fármacos e outras drogas, lícitas ou ilícitas. Ou nós extinguimos o capitalismo, ou ele seguirá nos matando, das mais diversas formas, entre as quais o suicídio.
Setembro amarelo: lembre-se que a vida muda
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Restrição química como crueldade
Este raciocínio eqüivale a justificar o uso de drogas no lugar
das camisas de força, cordas ou correntes para imobilizar um pa-
ciente rebelde. A crueldade encontra-se menos no método do que no
resultado. O isolamento, a restrição física e a restrição química (com
neurolépticos) tiram as vítimas do contato com todos os reforçadores
que tornam a vida significativa e preciosa; as drogas os transformam
em zumbis e as celas acolchoadas os transformam em maníacos selvagens.
Os dois tipos de punição colocam um fim a toda a aprendizagem, exceto
por várias formas de fuga e esquiva que servem como mecanismos
de contracontrole. Quando o poder das autoridades é grande demais
para represália ou fraude, a depressão assume o lugar.
Coerção e suas implicações - Sidman