Em nossa época, somos totalmente condicionados à interferência dos outros, carecemos gravemente das condições para o pleno desenvolvimento da capacidade de ser sozinho. Para a maioria de nós, a podridão da interferência começa no berço e não termina antes da sepultura. Exige-se considerável artifício a fim de escapar deste processo, mesmo momentaneamente. E, não obstante, creio que é unicamente na base de uma capacidade adequada de ser sozinho que podemos achar um caminho verdadeiro de ser com outros. Precisamos redescobrir o significado perdido do princípio taoísta do wu wei, o princípio da não-ação, porém uma não-ação positiva que requeira um esforço de autocontenção, um esforço para cessar a interferência, para "dispensar" os outros e lhes dar e a si próprio uma oportunidade.
(p. 99)
Livro: Psiquiatria e antipsiquiatria
Autor: David Cooper
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