A instituição (establishment) médica tende a encarar a Psiquiatria com atitude condescendente. Isto somente em parte não tem justificação. A justificação reside no fato de que muitos psiquiatras se perderam totalmente nas complicações da medicina orgânica, submeteram-se a exames de Medicina superior, aprenderam como inspecionar o fundo do olho e como determinar a proporção exatamente correta das substâncias nos nossos vários excreta. Gradual e esmeradamente, adquiriram uma indispensável ignorância com relação à outra pessoa (paciente) com quem se defrontam ou, mais comumente, com quem se recusam a defrontar. Na verdade, numerosos psiquiatras são médicos de segunda ordem - gente que não seria capaz de "fazer" medicina geral, mas este fato não limita as possibilidades de pretensão. A pretensão se retrai, todavia, em certos casos - casos em que o psiquiatra tentou realmente compreender seu paciente na base de uma compreensão que tentou alcançar de si próprio -, talvez através de prolongado e custoso treinamento psicanalítico. Este constitui, talvez, um caminho penoso e imperfeito, com relação ao qual, porém, a instituição (establishment) médica e os seus comitês de seleção facciosamente designados (para empregos psiquiátricos) mostram pouca evidência de compreensão. Por esta razão, elementos humana, técnica e profissionalmente mal equipados são empurrados para posições de poderio sócio-médico, como consultores, superintendentes e até, algumas vezes, como professores de Psiquiatria.
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Livro: Psiquiatria e antipsiquiatria
Autor: David Cooper
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