Pela formação que adquiri me tornei cético de alegações apressadas de disfunção, seja no plano biológico/corporal/neurológico, no plano psicológico ou no plano social/cultural.
No plano biológico a hipótese do desequilíbrio químico foi refutada como causa. Já as vulnerabilidades (diáteses) precisariam ser verificadas diretamente e não inferidas. O raciocínio psiquiátrico é incerto por feito com base em pressupostos, hipóteses auxiliares e inferências e não através de verificação direta. Na etologia (evolucionismo e comportamento) um comportamento humano indesejável socialmente pode ser uma característica humana perfeitamente funcional. Já uma característica genética pode ajudar num contexto e atrapalhar em outro.
No plano psicológico, aprendi a partir da análise do comportamento que todo comportamento é funcional e adaptativo por sempre há uma relação do organismo com o ambiente. A incompreensibilidade que leva a suposições de patologia fica assim atenuada. No lugar de disfuncionalidade usa-se a palavra indesejável ou socialmente não adaptativo.
No plano cultural ou social, aprendi a partir da etnografia que a irracionalidade nessa área não existe porque sempre há uma organização simbólica com regras discursivas norteando uma "racionalidade" de maneira que é possível compreender a cultura daquele grupo ou indivíduo de forma positiva ao invés de negar a partir de outra racionalidade dominante. Se algo é considerado socialmente disfuncional é porque não está integrado com o gabarito social e não porque é incompreensível ou ininteligível.
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