O professor da UFSC Emílio Takase foi meu professor de psicologia cognitiva e criou um aplicativo que permite medir a variabilidade da frequência cardíaca com o microfone do celular. Essa variável é boa para avaliar o efeito de psicofármacos no cérebro, no corpo e na saúde psicológica.
A variabilidade da frequência cardíaca tem relação com o nervo vago e o coração. Indica o grau de atividade do sistema nervoso simpático (estresse) em relação ao sistema nervoso parassimpático (relaxamento). Quanto maior é o valor do tônus do nervo vago maior é a ativação do sistema nervoso parassimpático.
Por que fazer isso?
É comum pacientes psiquiátricos, suas famílias e médicos atribuírem o que nomeiam como sintomas psiquiátricos aos níveis insuficientes, instáveis ou excessivos de uma droga. Então proponho a coleta da variabilidade da frequência cardíaca para distinguir se isso realmente está acontecendo.
A literatura científica costuma usar estatística e grupos para medir o efeito dos psicofármacos na variabilidade da frequência cardíaca. Vamos usar um delineamento com sujeito único com antes e depois de ingestão da droga ao longo de um dia, o qual penso que permite evitar melhor fatores ou variáveis confundidoras.
Uma consequência boa seria juntar uma base de dados sobre os efeitos dos psicofármacos na saúde psicológica. Se você quiser realizar a coleta de dados, me enviar os dados ou discutir a implementação ou resultados pode me enviar um e-mail em crisedapsiquiatria.qma56@simplelogin.com [endereço seguro] Gostaria de publicar os resultados no blogue se obtiver permissão para isso.
Gostaria de propor então um manual de pesquisa caseira de psicofármacos com o celular. A regulagem do sinal com o aplicativo Nami (disponível na loja do google) pode ser feita com instrução de uma seção do documento abaixo e não é complicada como pode parecer. Indico o uso de microfone do celular.
FREQUÊNCIA CARDÍACA COMO BIOMARCADOR (INDICADOR) PARA COVID-19/Gripe?
Quem tiver interesse me peça o documento por e-mail
em crisedapsiquiatria.qma56@simplelogin.com [endereço seguro]
A primeira etapa é olhar a meia-vida e o tempo de início de ação na bula do psicofármaco se informado. Meia-vida é um padrão temporal de metabolização. A ideia é colocar o microfone do celular perto do coração e fazer mensurações da variabilidade da frequência cardíaca ao longo de um período inteiro de metabolização e depois uma repetição ou replicação para comprovação de que fatores confundidores não afetaram a mensuração (fidedignidade de mensuração).
Seriam feitas 2 mensurações na hora anterior à ingestão do psicofármaco e 2 mensurações na hora posterior à ingestão (ou o período de início de ação), ou ajustado em relação ao tempo de início de ação. Isso permite avaliar o efeito inicial do psicofármaco. Também duas mensurações em cada período do dia (manhã, tarde e noite). Se desejar não tem problema fazer menos ou mais mensurações. O importante é encontrar um padrão que se repete.
Procedimento: 1) medição dos batimentos cardíacos uma hora antes de ingerir o psicofármaco. 2) Medição dos batimentos cardíacos uma hora após ingestão do psicofármaco. 3) Medição dos batimentos cardíacos durante os período da manhã, tarde e noite no dia seguinte.
A variável que indica o grau da variabilidade da frequência cardíaca se chama RMSSD e quanto maior for o valor maior a variabilidade da frequência cardíaca.
Alguns fatores confundidores podem ser a nicotina, outras drogas e o estresse momentâneo. Por isso é indicado se a pessoa tomar alguma droga além de 1 psicofármaco descobrir o padrão de ação primeiro (linha de base). Se você tomar mais de 1 psicofármaco por dia pode tomar os psicofármacos em momentos diferentes e fazer uma linha de base múltipla. Ou esperar a coleta de dados de uma pessoa que toma apenas 1 psicofármaco.
Para estabelecer uma linha de base ou padrão anterior confiável é preciso fazer mensurações repetidas e obter resultados semelhantes.
As atividades diárias afetam o nível de estresse e consequentemente a variabilidade da frequência cardíaca. Os efeitos do ritmo circadiano na variabilidade da frequência cardíaca provavelmente são efeito secundário das atividades durante o dia.
Outro fator confundidor é se a pessoa tem transtorno alimentar. As pessoas com transtornos alimentares tem o nível de variabilidade da frequência cardíaca alta. Jejuns prolongados podem afetar a resposta de estresse do sistema nervoso simpático.
Mudar de posição de repouso para tensão postural de ficar sentado ou em pé pode alterar o valor dos batimentos cardíacos e essa variação pode aumentar o RMSSD ou coerência cardíaca e portanto é outro confundidor. Por isso, é melhor não fazer isso ou esperar o corpo se adaptar à posição sentada ou em pé.
Exemplo de um trabalho desse tipo feito por mim em 2014: