"Tais interpretações de forma alguma são privilégio de abordagens behavioristas. Psicólogos quase sempre vão além do que podem comprovar por meio de expansões bem-sucedidas do núcleo das teorias que defendem. Por exemplo, o livro "Cognition and Reality" de Neisser (1976) consiste, em suas partes construtivas, em interpretações no sentido aqui mencionado, não em expansões do núcleo. As concepções de ser humano, tão discutidas na psicologia, são o resultado de tais interpretações, não pressupostos filosóficos ou metafísicos das teorias em questão. No nível dessas interpretações, é fácil afirmar uma teoria abrangente, mas no nível das expansões bem-sucedidas do núcleo, todas as nossas teorias são extremamente limitadas. Portanto, é fácil confundir uma interpretação com uma tentativa de expansão do núcleo e criticar uma teoria (veja, por exemplo, Chomsky, 1959)."
[O autor, que utiliza a concepção de teoria estruturalista na filosofia da ciência analítica para analisar teorias, está afirmando que o núcleo teórico axiomatizável das teorias são restritos e que a expansão das teorias são interpretações. Logo, questionar as interpretações não é refutar o núcleo da teoria. Por isso, Chomsky não refutou o núcleo do comportamentalismo.
Também esclarece que as concepções de ser humano base das teorias psicológicas não são pressupostos filosóficos ou metafísicos das teorias psicológicas mas que também são interpretações a partir de um núcleo teórico.]
Esclarecimento do contexto histórico que o texto se refere:
Em 1959, Noam Chomsky publicou um artigo intitulado "A Review of B.F. Skinner's 'Verbal Behavior'" (Uma Resenha do 'Comportamento Verbal' de B.F. Skinner). Neste artigo, Chomsky critica e oferece uma análise detalhada da teoria behaviorista de Skinner, especificamente em relação à linguagem e à aquisição da linguagem. Chomsky argumenta que a abordagem behaviorista de Skinner não pode explicar adequadamente a complexidade e a criatividade inerentes à linguagem humana. Sua revisão teve um impacto significativo no campo da psicologia e linguística, impulsionando o desenvolvimento de abordagens alternativas para a compreensão da linguagem, como a teoria da gramática generativa.
Referência:
Westmeyer, H. (1984). Von der Schwierigkeit, ein Behaviorist zu sein oder Auf der Suche nach einer behavioristischen Identität [Da dificuldade de ser um behaviorista ou Em busca de uma identidade behaviorista]. In H. Lenk (Hrsg.), Handlungstheorien – interdisziplinär [Teorias da Ação - Interdisciplinares] (Bd. 3). München: Fink.
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