Limitações da psiquiatria biomédica Controvérsia entre psiquiatras farmacológicos e reforma psiquiátrica Psiquiatria não comercial e íntegra Suporte para desmame de drogas psiquiátricas Concepções psicossociais Gerenciamento de benefícios/riscos dos psicoativos Acessibilidade para Deficiência psicossocial Psiquiatria com senso crítico Temas em Saúde Mental Prevenção quaternária Consumo informado Decisão compartilhada Autonomia "Movimento" de ex-usuários Alta psiquiátrica Justiça epistêmica
Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)
Aviso!
terça-feira, 29 de agosto de 2023
Neurolépticos para agressividade: animais e linguagem
segunda-feira, 28 de agosto de 2023
Sobre o uso da expressão "negacionismo"
Escrevo esse comentário sobre o uso da expressão "negacionismo¨ não porque sou anticiência (contra padrões científicos de rigor) mas porque percebe uma simplificação excessiva no uso dessa expressão e pelo potencial de mau uso. O uso da expressão tem implícito na minha interpretação um apelo à confiança na autoridade de alguns pesquisadores selecionados e eleitos como representantes do padrão mainstream. A expressão "negacionismo" assume que a pessoa que discursa já conhece o assunto e então deduz que qualquer coisa que desvie disso é simplesmente uma negação. O que quero ressaltar é que descrição do conteúdo dessa negação costuma ser descrito de forma superficial e justificado apenas pela dedução de algo que se assume saber. Uma atitude antropológica seria mais interessante pois permitiria entrar em contato e compreender complexos sociais que mantém uma posição na sociedade. A expressão "negacionismo" permite aproveitar o que a pessoa que discursa já sabe sem necessidade de esforço para compreender os complexos sociais ou no caso de mau uso a diversidade de posicionamentos dos padrões científicos e dos valores sociais impregnados em cada posicionamento.
sábado, 26 de agosto de 2023
Conclusão fundamental: tudo é remédio
Uma interpretação possível de liberdade
Valores e "Privilégio epistêmico"
"2.4 Valores e "Privilégio epistêmico"
Os valores sociais têm ainda um terceiro impacto (que tem sido com freqüência apontado nas críticas feministas da ciência moderna) decorrente do fato de a ciência ser produzida principalmente em instituições, tais como universidades e institutos de pesquisa, que são parte integral do sistema socioeconômico dominante. Tais instituições reforçam certos valores, os quais incluem o primado do intelecto, o individualismo, a competitividade e o comprometimento virtualmente exclusivo de cada um com sua disciplina científica. Elas exigem do cientista treinamento intensivo, e portanto certas prioridades de tempo e compromisso. Ser um cientista requer dedicação em tempo integral, à qual os envolvimentos familiares, sociais e outros devem se adaptar; caso contrário, não se pode ser vitorioso na competição cientifica. Ser cientista implica um estilo de vida que torna difícil a coexistência com outros que expressem certos valores diferentes, p. ex., os expressos por meio da participação em programas de transformação social (com exceção dos programas de "desenvolvimento", segundo as definições das elites modernizadoras). Não apenas isso, mas é um estilo de vida ao qual se tende a atribuir um tipo de "privilégio epistêmico", um lugar privilegiado para emitir juízos de autoridade sobre o que é e o que não é possível, sendo tão amplamente aceito que a teoria científica moderna fornece as melhores sinopses do que é possível; um lugar privilegiado que dá origem a relações assimétricas, que levam a práticas de dominação entre aqueles cujas práticas são informadas pelo conhecimento dos cientistas, e aqueles de quem se espera que adaptem suas vidas para ficar de acordo com os imperativos do conhecimento científico. Quem não adota tais valores não pode participar das práticas experimentais e teóricas da ciência moderna, e assim não seguirá as experiências necessárias para se tornar um "especialista" no domínio do conhecimento científico.
Quem os adota, por outro lado, provavelmente não será capaz de reconhecer as práticas a partir das quais formas alternativas de transformação social podem se desenvolver. A adoção dos valores, então, permite obter acesso a cada vez mais possibilidades materiais que podem ser realizadas mediante práticas tecnológicas, mas deixa virtualmente no escuro novas possibilidades sociais (e as possibilidades materiais que elas possam introduzir) que a realidade efetivamente existente pode permitir. À luz das conexões dialéticas a que me referi, quero sugerir como um item para discussão - que não há estilo de vida, e não há instituições que permitam a exploração tanto da mais completa gama de possibilidades tecnológicas quanto das possibilidades de transformação social que atenderiam adequadamente às maiorias carentes dos países empobrecidos (quer sendo tal atendimento entendido em termos de satisfação de necessidades básicas, quer de expansão de capacidades, ou de respeito a todo o espectro de direitos humanos)."
Hugh Lacey. Livro: Atividade científica e valores 1. Artigo: A dialética da ciência e da tecnologia avançada: uma alternativa? p.198-199
sábado, 19 de agosto de 2023
Psicol.: ciência fundamental irredutível à fisiologia
terça-feira, 15 de agosto de 2023
"Interferências na ciência pura" - Ciência e valores
Nota de rodapé:
Algumas vezes se argumenta que tais pessoas estão tentando impor restrições sociais ou valorativas sobre a pesquisa "pura" - ou seja, pesquisa impulsionada e avaliada apenas por valores cognitivos. Ou pode parecer um conflito entre a expressão de valores cognitivos, ou de certos valores sociais. Na verdade, na minha concepção não existe pesquisa "pura" no sentido definido. Os valores cognitivos desempenham um papel crucial na pesquisa, porém sua interpretação é sempre estruturada por alguns valores sociais, e o apoio à sua expressão é ligado à expressão de certos valores sociais. O tipo de conflito em discussão é no fundo um conflito de valores sociais. Isto não é fácil de ser percebido numa sociedade que tende a tomar a primazia do controle da natureza como um valor universal.
Ciência e valores 1 - Hugh Lacey
domingo, 13 de agosto de 2023
Antidepres., ansiedade, depressão e predisp. a compto
quarta-feira, 9 de agosto de 2023
SC, o estado regrado, e a fabricação do desvio (atualizado)
terça-feira, 8 de agosto de 2023
"Práticas baseadas em evidências" é ciência atuarial
sábado, 5 de agosto de 2023
Modelo médico e psicológico (crítica a Ullman & Krasner)
É realmente um problema até que ponto devemos abordar certos distúrbios de comportamento sob uma perspectiva médica orgânica ou dinâmica; na realidade, todas as formulações teóricas da aprendizagem são de natureza dinâmica. Da mesma forma, existem muitos modelos médicos, e o ataque generalizado ao modelo médico só se aplica ao modelo de doenças infecciosas e é justificado contra a psicanálise apenas na medida em que se baseia, de forma inadequada, nas declarações infelizes de Freud (1961), onde ele projetava uma demonologia nas mentes das pessoas. Os behavioristas skinnerianos deveriam se sentir atraídos pelos modelos médicos epidemiológicos, já que eles atribuem tanta importância aos fatores ambientais nas perturbações; assim como os modelos psicológicos de formação de hábitos de resposta ajudam a entender o curso de algumas condições médicas de desenvolvimento ou processos degenerativos, como doenças cardíacas. A controvérsia sobre as condições de origem (aprendidas vs. estruturais) dos distúrbios de comportamento é em grande parte irrelevante, pois tem praticamente nenhum impacto no tratamento. Por trás da crítica dos behavioristas, geralmente está a ideia de que os conceitos de origem genética ou bioquímica são ruins porque, se o comportamento problemático é aprendido, a terapia também deve ser um processo de aprendizagem. Isso é absurdo. A etiologia e a terapia não estão logicamente relacionadas, nem em uma direção nem em outra. Por exemplo, o medo pode ser resultado de experiências anteriores, mas ainda assim pode ser reduzido por meio de intervenções químicas. Ou pode ter sido desencadeado principalmente por circunstâncias químicas (como fadiga combinada com leve excitação diante do perigo) e ser atenuado por meio de intervenções físicas ou verbais (Davison, 1968).
[No parágrafo seguinte o autor afirma que transtornos psiquiátricos são semelhantes às doenças físicas crônicas]
Referência: O fim da ideologia na modificação do comportamento, Perry London