Side Effects
EUA , 2013 - 106 minutos
Suspense
EUA , 2013 - 106 minutos
Suspense
Direção:
Steven Soderbergh
Steven Soderbergh
Roteiro:
Scott Z. Burns
Scott Z. Burns
Elenco:
Jude Law, Rooney Mara, Chaning Tatum, Catherine Zeta-Jones, Polly Draper, Vinessa Shaw
Jude Law, Rooney Mara, Chaning Tatum, Catherine Zeta-Jones, Polly Draper, Vinessa Shaw
Emily Hawkins (Rooney Mara) não responde bem ao retorno de seu marido (Channing Tatum) à sociedade, depois que ele termina de cumprir pena por favorecimento ilícito em um negócio na Bolsa de Valores de Nova York. Deprimida, ela consegue com um psiquiatra ( Jude Law) uma receita para testar um novo remédio contra ansiedade. Medicada, Emily sofre os tais efeitos colaterais do título original de Terapia de Risco (Side Effects).
No papel e durante a sua primeira metade, o novo filme do diretor Steven Soderbergh parece misturar elementos dos dois anteriores, Contágio e Magic Mike. O monocromatismo (tirando os tubos laranjas dos remédios tudo no filme são variações de cinza), o linguajar técnico e o estilo seco (poucos tempos mortos, muita coisa filmada só com plano geral->médio->close-up) formam um drama de procedimento parecido com o de Contágio. Já o recorte moral da realidade lembra Magic Mike (e um pouco deTraffic), tendo a atual recessão nos EUA como pano de fundo e com personagens vitimizados pelas opressões do sistema e pelo estado das coisas.
Então a expectativa que Soderbergh e o roteirista Scott Z. Burns (o mesmo de Contágio) criam é muito específica - particularmente quem viu os dois longas anteriores pode achar que dá pra antever todas as viradas de Terapia de Risco em poucos minutos. Como o cineasta já decretou sua aposentadoria, e seus longas recentes automaticamente se tornam uma contagem regressiva, fica fácil ver nesse corpo de filmes um objeto só. Mas daí vem a segunda metade de Terapia de Risco...
O drama macro, que parecia analítico e distante, dá lugar a um suspense micro, em que os zooms nas janelas (imagens que abrem e encerram o filme) servem de aparadores desse micromundo. Na segunda metade, Soderbergh deixa de filmar tudo sem foco e passa a usar um recurso parecido com o tilt-shift do Instagram: o monocromatismo continua mas objetos e rostos entram em foco em hipercloses, como se passassem a ser reais, palpáveis, dentro da proposta de Terapia de Risco, que não é ser um exercício de observação isento mas sim um filme de plotde fato - mais próximo de um thriller erótico à moda Joe Eszterhas, com seus jogos de poder e inversões do machismo, do que se poderia supor.
O prazer ao fim de Terapia de Risco então é ver que Soderbergh, nesse prometido final de carreira, recusa a grandiloquência de um filme-denúncia - um discurso sobre o estado das coisas que a primeira metade sugeria - e encontra um agradável equilíbrio entre o cinema comercial, de gênero, de seus maiores sucessos de bilheteria, e o cinema de autor dos seus filmes-de-festival. Se ele parar mesmo de filmar, Terapia de Risco servirá como fiel testamento dessa versatilidade, pela qual Soderbergh sempre foi conhecido.
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