Já a ideia de compulsório parte do princípio de que não é possível conversar com a pessoa, relacionar-se com a pessoa dita louca. O sistema necessita que as pessoas saibam se relacionar. Então, a ideia é deixar que as pessoas se relacionem bem e que venham para ajudar, dar suporte.
Quando a pessoa não quer alguma ajuda, nós não temos que ficar aborrecendo. É possível que essa pessoa esteja querendo ficar sozinha e temos que respeitar isso. Quando se veem os sintomas - “Você está escutando vozes? Isso é uma coisa ruim”, “O que as vozes estão dizendo pra você?” - é possível conversar, entender e até mesmo buscar outras experiências que possam ser compartilhadas, mostrando como elas lidam com essas vozes. Esses problemas de saúde mental, psiquiátricos, podem desaparecer quando se começa a dar sentido às experiências que eles estão vivendo. É isso que eu gostaria de dizer a respeito de modelos de atenção.
Se essas pessoas tivessem um suporte social da família, talvez nunca mais precisassem voltar para esse lugar. Porque cada vez que você fica hospitalizado, piora a situação. Você vai perdendo tudo, perde apartamento, empregos... Cada vez fica mais difícil a pessoa recuperar e restabelecer uma vida.
Você faz a defesa pelo que chama de “tomada de decisões com apoio”. O que isso significa?
A ideia de capacidade legal é o direito de tomar decisões. Como quando nós temos 18 anos de idade e assumimos que podemos fazer várias coisas. Podemos casar, assinar um contrato, podemos tomar nossas próprias decisões. Mas algumas pessoas com alguma deficiência são tratadas tradicionalmente como incapazes. Na verdade, ninguém quer que a sua própria capacidade legal seja retirada. Isso vai tornar você vulnerável, porque alguém vai decidir por você. Nós queremos capacidade legal total, sem exceção.
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