"Para os pacientes, a revolução científica insufla esperanças de cura instantânea, qualquer que seja o mal. Cresce a preocupação com a saúde. Para muitos, são o tópico mais importante e o assunto de todas as conversas. Os meios de comunicação estão recheados de noticiário médico e dispõem de redatores exclusivos, especializados em questões de saúde. O complexo médico-industrial tornou-se a maior atividade do país e, ao mesmo tempo, o maior sangradouro de recursos sociais. Apesar de os indivíduos serem hoje mais saudáveis e viverem muito mais tempo, a sua tolerância ao mal-estar minguou ao passo que se agiganta seu pavor à doença.
Isso se correlaciona, em grande proporção, com o bombardeio de assuntos médicos que chove sobre os americanos, dia e noite. No presente quadro cultural, sintomas insignificantes amiúde são tidos como prenúncios de males fatais. O escritor Norman Cousins capturou a cena nesses termos:
"A maioria acha que vai viver para sempre, até que um dia pega um resfriado e então acredita que vai morrer dali a uma hora".
Outro aspecto do novo clima cultural é o crescente desencanto com a medicina científica." (p. 140-141)
A arte perdida de curar - Bernard Lown
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