O glúten é o componente do trigo associado decisivamente à deflagração de fenômenos imunológicos destrutivos, quer estes se expressem como doença celíaca, como ataxia cerebelar ou como demência. Contudo, muitos efeitos do trigo sobre a saúde, entre eles os exercidos sobre o cérebro e outros órgãos do sistema nervoso, não têm nada que ver com fenômenos imunológicos desencadeados pelo glúten. As propriedades do trigo de gerar dependência, por exemplo, que se expressam como obsessão e tentação avassaladora e podem ser obstruídas por medicação de bloqueio de opiáceos, não decorrem diretamente do glúten, mas das exorfinas, produto da digestão do glúten. Embora ainda não tenha sido identificado o componente do trigo responsável por desvios comportamentais em portadores de esquizofrenia e em crianças que sofrem de autismo ou TDA/H, é provável que esses fenômenos também sejam decorrentes das exorfinas do trigo, e não de uma resposta imunológica deflagrada pelo glúten. Diferentemente da sensibilidade ao glúten, que em geral pode ser diagnosticada por meio de exames para detectação de anticorpos, ainda não se conhece nenhum marcador que possa ser medido para avaliação dos efeitos das exorfinas.
Do livro Barriga de Trigo
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