Limitações da psiquiatria biomédica Controvérsia entre psiquiatras farmacológicos e reforma psiquiátrica Psiquiatria não comercial e íntegra Suporte para desmame de drogas psiquiátricas Concepções psicossociais Gerenciamento de benefícios/riscos dos psicoativos Acessibilidade para Deficiência psicossocial Psiquiatria com senso crítico Temas em Saúde Mental Prevenção quaternária Consumo informado Decisão compartilhada Autonomia "Movimento" de ex-usuários Alta psiquiátrica Justiça epistêmica
Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)
Aviso!
quarta-feira, 30 de setembro de 2020
Testes projetivos: evidências muitos fracas
segunda-feira, 28 de setembro de 2020
Comportamento politicamente indesejável
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
Capacidades humanas, medicalização e estimulação
O que a psiquiatria chama de sintomas são exacerbações de características humanas ou capacidades humanas. O que a medicalização tenta fazer é reduzir a capacidade para sentir ansiedade por exemplo. Também é possível atuar na estimulação que ativa essa capacidade. Quando a medicina não se mostra eficaz para reduzir uma capacidade biológica se tenta vender uma tecnologia mais avançada como a farmacogenética. A insistência numa solução médica é grande da parte de médicos, pacientes e familiares. Já trabalhar a estimulação que ativa a capacidade mesmo que seja aumentada geneticamente e que mantém a ativação corporal é desconsiderada ou menos conhecida. É preciso uma boa dose de trabalho conceitual para levar em conta essa outra alternativa. O problema do entendimento estritamente médico é desconsiderar a estimulação e considerar a capacidade um mero lixo biológico. Se fosse apenas um lixo biológico para ser trabalhado as intervenções biomédicas solucionariam tais "sintomas". Mas a dificuldade continua e continua a fé nas soluções biomédicas transpondo a fé para o futuro que nunca chega.
sábado, 19 de setembro de 2020
A babaquice normopata: você representa um louco
A maneira mais fácil de identificar um normopata: ele comenta do nada que você é louco porque ele ouviu falar que você recebeu um diagnóstico e você não fez nada inapropriado. Tudo o que ele enxerga é que você representa um louco. Ele não consegue ver você como uma pessoa e nem como uma pessoa que merece respeito ou que tem alguma humanidade. Para ele você merece ser depreciado toda vez que ele entra em contato com você. Ele faz questão de se dirigir a você apenas para chamar você de louco. A única resposta apropriada a isso é ignorar a pessoa. Já que você não tem moral nenhuma para rebater pois vai faltar respaldo social.
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
setembro amarelo
Há um grande desejo, manifesto em parte da sociedade, de que as pessoas não tirem suas vidas. Uma expressão disso é o crescimento, ano após ano, do interesse em estudar, discutir, divulgar e principalmente prevenir o suicídio, que no mês de setembro torna-se ainda mais evidente, por conta de uma campanha internacional que ficou conhecida como setembro amarelo.
Ano após ano o setembro amarelo vem ganhando força e expressividade, mais e mais pessoas vêm aderindo às propostas desenvolvidas por entidades diversas, como o CVV (Centro de Valorização è Vida), grupos de caráter mais acadêmico e/ou vinculados à universidade, organizações não governamentais e, principalmente, a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), que se arroga a responsabilidade de ter trazido a campanha para o Brasil (o que parece dizer-nos algo sobre o caráter dessa campanha).
É certo que dar visibilidade ao fenômeno é necessário, todavia, de que maneira e qual visibilidade se pretende dar?
Sempre que se fala em suicídio (termo que para a grande parte das pessoas já traz, em si, uma conotação negativa, pejorativa), isso é feito a partir de uma determinada perspectiva, de uma certa concepção, que muitas vezes – principalmente quando estamos falando da popularização de um tema – não fica explícita, o que tem implicações para a própria compreensão desse tema.
Há várias formas de se compreender o suicídio, todas elas marcadas por momentos históricos e características sociais distintas, ou seja, todas elas produtos de uma cultura, numa dada sociedade, em um certo momento histórico, defendendo determinados interesses, queiram ou não, saibam ou não, explicitem ou não; aqueles que manifestam essas compreensões.
O que é mais visível nessas manifestações referentes ao setembro amarelo é que há, em grande parte das pessoas, principalmente aquelas que são leigas (ou quase) sobre o assunto, uma profunda boa vontade e intenção de ajudar, de forma voluntária e espontânea, partindo de suas crenças e concepções de mundo, de humano, de vida e de morte; sem pararem para pensar, muitas vezes, o que significa aquilo que estão defendendo e outras tantas vezes, fazendo coro com ideias que sequer sabem de onde vieram e a quais interesses compõem.
Vivemos em uma sociedade em que a morte em geral (e não só o suicídio) é um fenômeno do qual uma parte considerável das pessoas quer manter distância. Apesar de sua inevitabilidade, as pessoas querem que ela seja o mais tarde possível, para si e para seus próximos. Nessa sociedade, em que se quer ter distância da morte, busca-se, ao mesmo tempo, a manutenção da saúde e da vida a qualquer custo. Em uma sociedade em que a grande maioria quer viver o máximo possível e ser saudável, o que significa alguém tirar a própria vida? A interdição do suicídio aparece como algo premente, a valorização da vida deve ser a qualquer custo, agora, de qual vida!?
Deseja-se que as pessoas permaneçam vivas, não que elas possam ter uma vida que não lhes faça desejar a morte, a preocupação está muito mais em que elas não se matem do que nelas terem uma vida que seja digna de ser vivida.
O suicídio é historicamente um tabu porque ele faz emergir um conjunto de informações sobre a sociedade que não se deseja que venha à tona, já que explicita os melindres daquela sociedade. Assim, para se falar abertamente sobre o suicídio, sem expor esse conjunto de informações, é necessário atribuir-lhe determinadas características, que costumam reforçar um conjunto de concepções ideológicas acerca desse fenômeno, em geral aquelas que costumam encontrar nos próprios indivíduos as causas e os determinantes para que busquem suas próprias mortes, seja por conta de transtornos psíquicos (em geral explicados a partir de determinantes biológicos) ou de características psicológicas, reforçando assim o caráter individual desse fenômeno e velando o que nas relações que esses sujeitos estabelecem lhes produz o desejo de tirar suas próprias vidas.
Ao aparecer, ideologicamente, como uma questão de ordem individual (como uma parte considerável dos fenômenos sociais costumam aparecer), frequentemente patologizada, a forma de se lidar com o fato também toma esse mesmo caráter, assim, a questão deve ser resolvida no próprio indivíduo, por ele ou por quem possa impedi-lo, entretanto, as condições que lhe fazem desejar e buscar a própria morte permanecem intactas e ocultas.
Utilizam-se a terapia, os remédios e até mesmo as internações, produzem-se cartilhas para a prevenção, busca-se das mais diversas formas impedir que os sujeitos atentem contra si mesmos, mas a vida, as relações, as condições de existência, de saúde, de educação, afetivas,... Todas elas permanecem não apenas intocadas, como ocultas, causando naquele mesmo indivíduo e em um conjunto de outros indivíduos os mesmos desejos de não quererem vivê-las.
Nesse ano de 2016 a discussão tem tomado grandes proporções (significativamente maiores que nos anos anteriores), muitas matérias de jornal, muitas atividades nos mais diversos locais, muita gente envolvida, participando dessas atividades e compartilhando nas redes sociais o conjunto dessas iniciativas, muito apelo, tudo isso, na maior parte das vezes, motivado por um voluntarismo espontaneísta de fazer com que as pessoas permaneçam vivas, mas sem refletir criticamente sobre isso e sem se colocarem as questões acima expostas. São reproduzidas as visões hegemônicas sem qualquer questionamento, algumas vezes um tanto de informações que sequer são convergentes, mas o importante é dar visibilidade, é falar sobre, é fazer algo, não importa exatamente o quê, chegando ao ponto de um enorme conjunto de pessoas começar a disponibilizar seus celulares, whatsapp’s, chats privados e afins para escutarem e acolherem aqueles que estão sofrendo de alguma maneira, como se isso fosse, de fato, resolver alguma coisa. Essas concepções e compreensões acríticas, voluntaristas e espontaneístas, no final das contas, apenas contribuem para que a sociedade se mantenha como é, para que tudo permaneça como está, para que os problemas sigam sendo localizados nos indivíduos.
Na medida em que a mídia assumisse um papel crítico e parasse de reproduzir as concepções hegemônicas, em que os profissionais da saúde avançassem aos determinismos (principalmente biológico e psicológico) e explicitassem as contradições dessa sociedade, que as pessoas começassem a refletir sobre essas mortes para além dos indivíduos, que houvesse uma disposição em mudar radicalmente as condições de saúde e de vida das pessoas, então começaríamos a dar alguma visibilidade de fato a essa questão tão delicada e importante, não mais no sentido de ideologizar a realidade, mas no sentido de explicitá-la, para explicitar a necessidade de superação dessa sociedade em que a imensa maioria das pessoas vive em condições miseráveis para que uma ínfima quantidade tenha uma vida desejável. Entretanto, esperar que isso ocorra me parece um tanto ingênuo, a mídia está cumprindo seu papel, as ciências particulares estão cumprindo seus papéis, a ideologia está cumprindo seu papel... O setembro amarelo é isso, uma estratégia de visibilidade para ocultar onde de fato os problemas se encontram, com ampla participação das pessoas, para que todas se sintam colaborando... e estão... só não sabem exatamente para quê!
Não deve nos bastar manter as pessoas vivas, vivendo uma vida indesejável, que para se tornar suportável exige que, muitas vezes, lancem mão de vitaminas, fármacos e outras drogas, lícitas ou ilícitas. Ou nós extinguimos o capitalismo, ou ele seguirá nos matando, das mais diversas formas, entre as quais o suicídio.
Setembro amarelo: lembre-se que a vida muda
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Restrição química como crueldade
Este raciocínio eqüivale a justificar o uso de drogas no lugar
das camisas de força, cordas ou correntes para imobilizar um pa-
ciente rebelde. A crueldade encontra-se menos no método do que no
resultado. O isolamento, a restrição física e a restrição química (com
neurolépticos) tiram as vítimas do contato com todos os reforçadores
que tornam a vida significativa e preciosa; as drogas os transformam
em zumbis e as celas acolchoadas os transformam em maníacos selvagens.
Os dois tipos de punição colocam um fim a toda a aprendizagem, exceto
por várias formas de fuga e esquiva que servem como mecanismos
de contracontrole. Quando o poder das autoridades é grande demais
para represália ou fraude, a depressão assume o lugar.
Coerção e suas implicações - Sidman
terça-feira, 15 de setembro de 2020
A estética da degeneração mental
Juntando-se a avaliação estética de atitudes sociais com o modelo médico é comum socialmente se julgar uma pessoa mentalmente degenerada (doente mental) por não adotar atitudes esteticamente bonitas. Tamanho o grau de medicalização que ninguém mais pode desagradar, ser desaprovado, ir contra a corrente, adotar atitudes socialmente feias sem isso ser considerado o sintoma de algum defeito no cérebro. Uma atitude feia socialmente é apenas uma atitude feia socialmente. Não é necessário uma avaliação nazista da estética da degeneração mental no pacote. O grau de normalização exigido é altíssimo. Isso é resultado da cultura psi e de engenharia social.
segunda-feira, 14 de setembro de 2020
Scientific Breakthrough, or Broad-Based Delusion?
http://www.pnmedycznych.pl/wp-content/uploads/2014/08/pnm_2013_010-021.pdf
Scientific Breakthrough, or Broad-Based Delusion?
Medicalization of Depression, Anxiety, Schizophrenia, ADHD, Childhood Bipolar Disorder and Tantrums: Scientific Breakthrough, or Broad-Based Delusion?
Department of Psychology, Marshall University, USA Head of Department: Steven P. Mewaldt, PhDSummary
Clearly, a number of psychological and behavioral disorders arise within our biology. These include autism, Down’s syn-drome, those due to toxin exposure, metabolic and endocrine difficulties, and several others. In contrast, there is minimal re-search evidence to support biological origins of the vast number of common disorders such as depression, anxiety disorders, schizophrenia or child problems such as conduct disorders, attention deficit hyperactivity disorder (ADHD), childhood bipolar disorder, oppositional behaviors or tantrums. These disorders have been medicalized when, in the absence of supportive research evidence, they are said to be caused by genetic defects, chemical imbalances or other biological phenomena.The roots of contemporary medicalization in the U.S. are traced to two primary factors – psychiatry’s efforts to re-gain lost sta-tus, and profit motive in the pharmaceutical industry. Given that both psychiatry and the drug industry are global enterprises, medicalization threatens to escape the boundaries of the U.S. and spread to other nations. There are a number of unfortunate by-products of medicalization including patients’ feelings that there is less hope for improvement and increased community prejudice, when disorders are thought to be rooted in biology. Another by-product is that validated behavioral treatments may be overlooked, as drugs with unfortunate side effects become the treatment of choice. Research in support of biological causa-tion is discussed and found to be relatively weak. Efforts at pushback against medicalization are discussed.
Key words: medicalization, psychiatry, pharmaceutical industry, drug industry
Psychopathology According to Behaviorism: A Radical Restatement
Psychopathology According to Behaviorism: A Radical Restatement
https://revistas.ucm.es/index.php/SJOP/article/download/SJOP0404220171A/29234
Abstract
This article is a radical restatement of the predominant psychopathology, which is characterized by nosological systems and by its approach towards a neurobiological conception of the so-called mental disorders. The “radical” sense of this restatement is that of radical behaviorism itself. As readers will recall, “radical” applied to behaviorism means total (not ignoring anything that interests psychology), pragmatic (referring to the practical sense of knowledge), and it also derives from the Latin word for “root” (and thus implies change beginning at a system's roots or getting to the root of things, in this case, of psychological disorders). Based on this, I introduce the Aristotelian distinction of material and form, which, besides being behaviorist avant la lettre, is used here as a critical instrument to unmask the hoax of psychopathology as it is presented. The implications of this restatement are discussed, some of them already prepared for clinical practice.
[Artigo incrível]
domingo, 13 de setembro de 2020
The Marketing of the New Bipolar Disorder
The medicalisation of “ups and downs”: The marketing of the new bipolar disorder
Abstract
The concept of bipolar disorder has undergone a transformation over the last two decades. Once considered a rare and serious mental disorder, bipolar disorder is being diagnosed with increasing frequency in Europe and North America, and is suggested to replace many other diagnoses. The current article shows how the modern concept of bipolar disorder has been created in the course of efforts to market new antipsychotics and other drugs for bipolar disorder, to enable these drugs to migrate out of the arena of serious mental disorder and into the more profitable realm of everyday emotional problems. A new and flexible notion of the condition has been created that bears little resemblance to the classical condition, and that can easily be applied to ordinary variations in temperament. The assertion that bipolar disorder is a brain disease arising from a biochemical imbalance helps justify this expansion by portraying drug treatment as targeted and specific, and by diverting attention from the adverse effects and mind-altering properties of the drugs themselves. Childhood behavioural problems have also been metamorphosed into “paediatric bipolar disorder,” under the leadership of academic psychiatry, with the assistance of drug company financing. The expansion of bipolar disorder, like depression before it, medicalises personal and social difficulties, and profoundly affects the way people in Western nations conceive of what it means to be human.
sábado, 12 de setembro de 2020
Pacote suspeito sem nome (correios)
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
A reforma psiquiátrica e seus críticos: doença mental
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
O que seleciona a psiquiatria biológica?
Algumas reflexões tentando relacionar as práticas da psiquiatria biológica com o conceito de metacontingências:
Conceito de metacontingência: (contingências entrelaçadas recorrentes + produto agregado) -> Seleção
Contingências entrelaçadas recorrentes: práticas da indústria farmacêutica, dos hospitais psiquiátricos e da indústria de equipamentos médicos.
Produto agregado: serviços médicos, medicalização, ingestão de drogas psiquiátricas, internações psiquiátricas e sessões de eletroconvulsoterapia.
[Seria preciso uma análise muito mais minuciosa das relações contingentes entre eventos]
Acredito que as intervenções relacionadas à psiquiatria biológica ou modelo biomédico na saúde mental são práticas sociais selecionadas (consumida por pessoas) porque os problemas de sofrimento psicológico ou de comportamento não são resolvidos de outras maneiras e no desespero as pessoas fazem qualquer coisa para tentar resolver seus problemas. A assimetria de informação (conceito da economia) sobre os possíveis riscos de medicalizar o sofrimento psicológico ou comportamentos e da ineficácia das drogas psiquiátricas também é um fator importante no consumo de serviços médicos psiquiátricos.
Mesmo quando os problemas são resolvidos o discurso psiquiátrico ainda ameaça de ruína quem não seguir cegamente os conselhos dos médicos psiquiatras (ameaça de cronificação, morte e marginalização). Essa prática social é organizada devido à renda previsível e estável fornecida pelo cliente a longo prazo e é selecionada porque há assimetria de informação (conceito da economia) sobre a necessidade de uso contínuo do serviço médico.
Aquilo que leva a ganhar dinheiro tem forte impacto selecionador de práticas sociais. Logo, práticas sociais são organizadas visando o lucro em primeiro lugar em detrimento de práticas mais sóbrias e éticas.
A organização de práticas sociais sociais visando o lucro por parte dos psiquiatras biológicos é demonstrada no livro Psiquiatria sob influência do autor Robert Whitaker.
A prática de medicar ao invés de fazer psicoterapia é selecionada pois é possível fazer consultas mais curtas e em maior quantidade e também cobrar mais pelas consultas. Também porque com a prática privativa de prescrever medicamentos, internações psiquiátricas e eletroconvulsoterapia sendo uma atribuição somente do médico é possível fortalecer e manter a assimetria de informação (conceito da economia).
A prática de banalizar internações psiquiátricas é selecionada devido ao alto custo do procedimento. Também a prática da eletroconvulsoterapia é selecionada devido ao alto custo do procedimento e do equipamento.
A corrupção envolvida na organização dessas práticas e o resultado ineficaz/prejudicial está sendo atualmente bastante denunciado por profissionais e pessoas prejudicadas. Esses resultados ineficazes e prejudiciais constituem uma ferida social não resolvida. Profissionais ou pessoas afetadas buscam justiça e trabalham para que essas práticas sejam menos consumidas ou para que a organização das práticas sejam mais éticas. A tendência histórica é fazer o mesmo que foi feito com a indústria do tabaco (fumo).Observação:
As práticas psi (psiquiátricas e psicológicas) de controle social são selecionadas (consumidas) porque é do interesse de pessoas envolvidas (os pacientes, os familiares ou outra subcategoria da classe pessoas) ajam de maneira socialmente esperada segundo os critérios dessas pessoas ou critérios gerais da sociedade.
As práticas psi (psiquiátricas e psicológicas) também são selecionadas (consumidas) visando eficiência e competência no manejo de situações e emoções.
domingo, 6 de setembro de 2020
Possíveis usos do blogue
- Formação de profissionais e diálogo entre profissionais de diferentes áreas
- Superar assimetria de informação entre profissionais e clientes; melhor escolha de profissionais
- Faça você mesmo: entender os assuntos por si mesmo para resolver problemas sozinho; lidar com familiares e profissionais
- Aumento de influência política e social desse tipo de conhecimento; formação de usuários e ex-usuários
quinta-feira, 3 de setembro de 2020
terça-feira, 1 de setembro de 2020
O reforçamento positivo em instituições
Aqueles que representam ameaças para si mesmos ou para a
sociedade em geral, freqüentemente, são entregues às instituições.
Ali, permitimos a eles apenas relações sociais limitadas, privamos os
mesmos de liberdade de movimento e de oportunidades de tomar
decisões; proibimos, ainda, a maioria das comodidades que eles
desfrutariam no mundo exterior. Freqüentemente justificamos estas
instituições como instrumentos para mudanças benéficas: "escolas"
para deficientes supostamente ensinam a seus alunos novas habili-
dades para ajudá-los a superar suas limitações, "hospitais" para
doentes mentais supostamente curam-nos, "instituições" correcio-
nais supostamente reabilitam infratores.
Entretanto, a localização destas instalações em áreas relati-
vamente despovoadas e de difícil acesso (pelo menos inicialmente,
antes que as cidades ou subúrbios tenham crescido à sua volta)
indicam o que realmente pretendemos com elas. Espera-se que elas
mantenham o retardado, o louco e o criminoso fora de circulação.
Entregamos estas instalações "humanas" a membros de profissões
assistenciais — médicos, enfermeiros, psicólogos, analistas do com-
portamento, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, professores, assistentes
sociais e funcionários penitenciários — e lavamos nossas mãos dos
problemas.
Seu isolamento geográfico, seus muros, grades, portões e
torres de segurança e a tendência pública de ignorar o simples fato
de sua existência deixam essas instituições quase que completamen-
te sem controle externo. Sejam quais forem os impulsos humanitá-
rios que possam de início ter gerado seu estabelecimento, sua isen-
ção da obrigatoriedade de prestar contas ao público transforma a256
Murray Sidrrvan
maioria delas em um pouco mais dos que depósitos para os social-
mente desajustados. As prioridades imediatas das equipes de fun-
cionários, a conveniência administrativa, a docilidade do interno e a
obediência às normas e regulamentos substituem os objetivos edu-
cacionais, terapêuticos ou correcionais de longo prazo. A coerção
torna-se a técnica preferida para fazer os internos "se comportarem".
Uma instituição que funciona principalmente para o benefí-
cio do corpo de funcionários dá pouca importância aos nocivos efei-
tos colaterais da coerção. Desta forma, encontramos a predominân-
cia da coerção no tratamento de pessoas retardadas, dos doentes
mentais e de criminosos de todos os tipos. Quando a pressão públi-
ca ou judicial por reforma surge efetivamente, ela é efêmera e geral-
mente ineficaz, já que concentra a atenção nas instalações físicas e
nos procedimentos administrativos. Raramente uma investigação
avalia de fato a racionalidade e a aplicação das técnicas de controle
do comportamento. Por causa da incompreensão e da incompetên-
cia, alguns dirigentes institucionais e membros das profissões assis-
tenciais deturpam e alteram o conceito de reforçamento, tornando-o
irreconhecível, tentando transformar até mesmo o reforçamento po-
sitivo em um instrumento de coerção.
Coerção e suas implicações - Sidman