A crítica ao "controle" na reforma psiquiátrica parece ter o sentido de que apenas as pessoas que tem poder controlam. Logo, uma proposta científica que recorre ao valor baconiano (Francis Bacon, primeiro filósofo a defender a experimentação) atuaria em favor dos poderosos (da opressão). Um dos significados de controle é "coerção". Práticas que envolvem aversividade em geral, como punição, também são incluídas como "controle". É compreensível essa perspectiva ou percepção já que são mais evidentes as situações em que poderosos tem meios de "controle" de recursos ou comportamentos de pessoas. É até interessante pensar até que ponto as pessoas vulneráveis e sem poder (diferentes tipos de poder) tem meios de se defender contra o "controle" dos poderosos. Nessa perspectiva, o controle só existe quando há poder.
Mas isso é um entendimento incompleto e insuficiente da noção de controle em filosofia e ciência e que não precisa nem ser circunscrito à área de comportamentalismo. O controle em filosofia e em ciência significa representar as possibilidades materiais dos fenômenos e seus comportamentos; e adicionalmente a sua utilização social. A análise do comportamento investiga esse aspecto material da natureza e sociedade. Sem investigações desse tipo, as possibilidades ou limites do controle da natureza se tornam reduzidas. Um entendimento mais completo como no pensamento de Hugh Lacey, envolveria o estudo interdisciplinar do aspecto da experiência ordinária e humana (ciências humanas e sociais; e outras áreas) como é proposto pela reforma psiquiátrica. Mesmo assim, ainda seria possível utilizar a investigação sobre as possibilidades materiais dos fenômenos da natureza tendo em vista outras perspectivas de valores sociais, ou em termos de ciência, utilizar estratégias de seleção de perspectivas e restrição de dados aceitáveis em conformidade com os valores da reforma psiquiátrica.
Referência:
Atividade científica e valores 1. Hugh Lacey
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