A realidade social do cotidiano é construída a partir de
objetivações de percepções subjetivas em produtos de atividades.
A realidade é construída socialmente de acordo com o acervo social
de conhecimento de senso comum e técnico/intelectual. O senso comum
da vida cotidiana é o acervo comum de conhecimento necessário para
lidar com a rotina da vida cotidiana. Algo que apresenta como
problemático quando sai da rotina da vida cotidiana e é preciso
colocar o conhecimento do senso comum em dúvida e procurar
conhecimento mais sofisticado. Os acontecimentos e as pessoas são
tipificadas em classificações relacionadas ao acervo social de
conhecimento.
Os
problemas de saúde mental surgem ao se sair da rotina da vida
cotidiana (quando a diferença se apresenta). Nos casos de problemas
de saúde mental a diferença se apresenta como problemática devido
à ausência de capacidade do acervo social de conhecimento do senso
comum de lidar com essa diferença de forma rotineira. As
tipificações ou classificações para entender acontecimentos
sociais, naturais e pessoas estabelecem interações sociais de
acordo ou podem também estabelecer acontecimentos e características
das pessoas. As construções sociais podem ocasionar problemas de
saúde mental ao classificar certas pessoas e acontecimentos como
problemáticos a partir da intolerância à diferença ou estabelecer
interações sociais que não são positivas para todos apesar de
serem entendimentos rotineiros para um dos lados.
Nisso
entra o entendimento médico/manicomial da diferença ou o
entendimento psicossocial da diferença e como essas classificações
das diferenças produzem realidades melhores ou piores. O
entendimento do modelo médico em saúde mental envolve
responsabilizar a suposta doença biológica pelas incapacidades
construídas por esse entendimento. O entendimento médico/manicomial
da diferença se mantém pelo autoritarismo de não permitir as
pessoas escaparem a esse entendimento na prática. Com isso, impede
de estabelecer um acervo social de conhecimento no senso comum que
lidaria com a diferença de maneira rotineira (Reforma Psiquiátrica) e não problemática ou
que dispensaria a psiquiatria biomédica em favor de intervenções
psicossociais.
Resenha do começo do livro A construção social da realidade.
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