Com os doentes, antes da era dos neurolépticos, podia-se falar. Eu passei anos escutando os doentes. Um paciente vinha, aproximava um banco ao meu lado e começava a contar sua história. Eu a escutava. Agora temos gente que baba, que treme e treme. Eu penso que esses medicamentos psicotrópicos os deixam em um estado aterrador. O que eles experimentam com os psicotrópicos, o que se passa em suas cabeças é aterrador. Os doentes mudaram por causa desses medicamentos, eles não são mais os mesmos. Eu prefiro ver os doentes vivos, mesmo que delirem. Agora parecem robôs. (MISSA, 2006, p. 299)
Do livro Uma Sala Tranquila. Da autora Sandra Caponi (2019)
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