Assim como o animal de laboratório, que gasta todo seu tem-
po esquivando-se de choques, pessoas que têm uma consciência forte
podem andar em um curso estreito. Elas obedientemente fazem o
que é esperado, raramente tentando algo novo. Elas são confiáveis,
corajosas, transparentes e reverentes. Junto com estas inquestioná-
veis virtudes pessoais, entretanto, elas freqüentemente consideram
criatividade uma coisa perigosa, desaprovando-a em si mesmas e nos
outros. Elas freqüentemente consideram a singularidade perturbadora;
ação, crença ou aparência não-convencionais ameaçam sua seguran-
ça. E quando as condições mudam, quando a sociedade relaxa algu-
mas contingências e estreita outras, elas freqüentemente são incapa-
zes de adaptar-se; mudanças as ultrapassam. Estes subprodutos
infelizes de coerção "efetiva" também devem ser esperados quando a
comunidade constrói consciências individuais por meio de punição.
Se frutos proibidos continuam a nos atrair, a comunidade
haverá de nos considerar como tendo consciência fraca e sendo,
portanto, perigosos. Mesmo sem burlar a lei, podemos nos descobrir
com problemas. Simplesmente adotar um estilo de vida incomum
pode nos colocar em conflito com a comunidade mais ampla; ela
considera o diferente como não-confiável. Também podemos nos
sentir em guerra conosco quando somos fortemente tentados a fazer
coisas que aprendemos a chamar de "ruins" ou "perigosas", ou
quando nos descobrimos realmente "indo contra nossa consciência".
Não apenas a comunidade deixa de confiar em nós porque não
podemos nos controlar, mas é provável que não confiemos ou que
desprezemos a nós mesmos. Estas características distintivas de de-
sordens de personalidade e de neuroses são subprodutos adicionais
das práticas coercitivas que a comunidade usa para estabelecer a
consciência individual.
Coerção e suas implicações - Sidman
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