A cirurgia de lobotomia (destruição da parte frontal do cérebro) retirava a iniciativa dos pacientes. Com o surgimento dos neurolépticos/antipsicóticos/tranquilizantes maiores, a lobotomia foi substituída por essa classe de drogas. No início, o discurso de marketing considerava os efeitos de forma sincera como semelhantes aos efeitos da lobotomia (retirada de iniciativa, passividade, apatia). Com a frequência geral de comportamentos operantes reduzida, busca-se obter que o paciente incomode menos seu círculo social. Não sem o custo para o paciente de muita aversividade, o que pode aumentar a motivação para continuar reclamando ou incomodando.
Com o desmame dos neurolépticos/antipsicóticos/tranquilizantes maiores, o usuário da droga têm sua iniciativa aumentada novamente. Mas como resultado de adaptação compensatória que leva ao aumento da quantidade de receptores de dopamina com o tempo de uso. A recomendação é que o desmame seja feito lentamente, tanto mais lentamente quanto mais tempo de uso [essa informação é incompleta e é arriscado se basear somente nisso para fazer desmame]. A redução progressivamente mais lenta pode levar a uma readaptação dos receptores de dopamina de forma que o processo de transição da fisiologia e dos comportamentos operantes não ocorra abrupta ou rapidamente além do que o usuário da droga é capaz de suportar e o ambiente é capaz de tolerar. Com o processo de transição, novidades tenderão a ocorrer tanto da parte da pessoa fazendo desmame quanto do ambiente social. Essas novidades levam a necessidade de novos ajustes comportamentais dinâmicos. Se a redução da dose for lenta, se torna mais simples e gradual o processo de ajuste comportamental às novidades. Novidades que podem ser interpretadas como crise ou retorno do processo subjacente da "doença mental", mas tal interpretação é resultado da insuficiência dos novos ajustes. Num ambiente de baixa tolerância e acolhimento das iniciativas do paciente e mal preparado para fazer novos ajustes, a dificuldade para fazer desmame de neurolépticos/antipsicóticos/tranquilizantes maiores aumenta. A essa dificuldade se soma que pela definição comportamental, o problema de interesse são os comportamentos inapropriados, e segundo o senso comum e o discurso psiquiátrico tradicional, fazer desmame é considerado um absurdo. Por isso, apenas tomar a decisão de fazer desmame dessa classe de drogas por conta própria, seja de forma abrupta ou de forma gradual, se torna difícil. Difícil ao ponto de a sociedade não conseguir assimilar essa possibilidade por falta de exemplos difundidos de desmame bem sucedidos.
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