A grande difusão da medicalização das dificuldades em saúde mental é resultado da falta de acesso aos eventos longitudinais da história de vida, das diferentes áreas da vida no presente e da falta de preparo conceitual para relacionar esses eventos com as manifestações do comportamento e da falta de preparo para usar essas relações para modificação das manifestações do comportamento. Da perspectiva ingênua ou não preparada conceitualmente, o acesso e compreensão diz respeito às manifestações observáveis da fala, das emoções e dos "comportamentos" e sua relação com a concretude do cérebro. Essa perspectiva é a mais simples (que precisa de menos preparo) e por isso é muito difundida. Mesmo profissionais ou as pessoas que conhecem a própria vida podem não serem capazes de fazer essas relações. É uma tarefa mais complexa e sofisticada relacionar esses eventos e fazer o manejo dos eventos para promover as aprendizagens que regulam a fisiologia (também apenas imediatamente observável e por isso medicalizada) e que alteram o repertório da pessoa conforme a necessidade (desmedicalização).
Logo, além da força econômica da indústria da medicalização ser um fator de reprodução dessa manifestação social, essa força econômica também é algo a ser explicado por essa falta de preparo para substituir as explicações internalistas (modelo médico em saúde mental).
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