Limitações da psiquiatria biomédica Controvérsia entre psiquiatras farmacológicos e reforma psiquiátrica Psiquiatria não comercial e íntegra Suporte para desmame de drogas psiquiátricas Concepções psicossociais Gerenciamento de benefícios/riscos dos psicoativos Acessibilidade para Deficiência psicossocial Psiquiatria com senso crítico Temas em Saúde Mental Prevenção quaternária Consumo informado Decisão compartilhada Autonomia "Movimento" de ex-usuários Alta psiquiátrica Justiça epistêmica
Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)
Aviso!
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023
Prescrição de norma reificada
sábado, 25 de fevereiro de 2023
Todo mundo é behaviorista inadvertido
Mesmo que tomem o behaviorismo radical e a análise do comportamento como apenas construções teóricas de um grupo ou utilizem outro tipo de linguagem, todas as pessoas estão lidando com o comportamento e manejando seus fenômenos o tempo todo. Todos tem suas percepções (discriminações e generalizações) ou estratégias de como manejar comportamentos. Quando a percepção é muito primitiva, prejuízos significativos ocorrem.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023
Medicalização e compto. explicativo
A grande difusão da medicalização das dificuldades em saúde mental é resultado da falta de acesso aos eventos longitudinais da história de vida, das diferentes áreas da vida no presente e da falta de preparo conceitual para relacionar esses eventos com as manifestações do comportamento e da falta de preparo para usar essas relações para modificação das manifestações do comportamento. Da perspectiva ingênua ou não preparada conceitualmente, o acesso e compreensão diz respeito às manifestações observáveis da fala, das emoções e dos "comportamentos" e sua relação com a concretude do cérebro. Essa perspectiva é a mais simples (que precisa de menos preparo) e por isso é muito difundida. Mesmo profissionais ou as pessoas que conhecem a própria vida podem não serem capazes de fazer essas relações. É uma tarefa mais complexa e sofisticada relacionar esses eventos e fazer o manejo dos eventos para promover as aprendizagens que regulam a fisiologia (também apenas imediatamente observável e por isso medicalizada) e que alteram o repertório da pessoa conforme a necessidade (desmedicalização).
Logo, além da força econômica da indústria da medicalização ser um fator de reprodução dessa manifestação social, essa força econômica também é algo a ser explicado por essa falta de preparo para substituir as explicações internalistas (modelo médico em saúde mental).
Tornar-se gênio (Bertrand Russel)
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023
Loucura (Faulkner) Literatura
Às vezes não tenho tanta certeza de quem tem
o direito de dizer quando uma pessoa está louca e quando não. Às vezes penso que nenhum de nós é totalmente louco e que nenhum de nós é totalmente são até que nosso equilíbrio diga ele é desse jeito.
É como se não importasse o que o sujeito faz, mas a forma como a maioria das pessoas o vê quando ele faz.
WILLIAM FAULKNER, Enquanto eu agonizo
(São Paulo, Mandarim, 2001, tradução de Wladir Dupont).
Biologia/ciência e ideologia
terça-feira, 21 de fevereiro de 2023
Funcionalidade: manicomial e antimanicomial
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023
Desvio e divergência (sociologia americana)
Becker afirma, primeiramente, que o desvio surge devido à própria necessidade de organização e de funcionamento de uma sociedade, de um grupo social ou de uma instituição em questão. Qualquer grupo social organizado precisa impor determinados padrões usuais de comportamento às pessoas que o constituem, a fim de que o grupo possa alcançar seus objetivos. À medida que emergem desta organização indivíduos ou subgrupos que não agem de forma adequada às normas consideradas corretas, estabelece-se o que denominamos desvio. No entanto, essa definição propicia alguns questionamentos. Será que a incapacidade de uma pessoa obedecer às regras propostas pelo grupo é um fracasso inerentemente pessoal? É, como alguns chamam, uma doença de cariz patológica? Ou o desvio evidencia a inexistência de consenso a respeito dos objetivos propostos e em relação ao que se considera certo ou errado pelo grupo/meio? A sociedade pode ser concebida como um conjunto estável e harmônico de relações sociais? Ou ela se caracteriza como um conjunto de diferentes grupos com distintos – às vezes incompatíveis – interesses, que entram em conflito na proporção em que buscam impor as suas regras grupais sobre as demais?
Estigma e desvio (antropologia)
O segundo texto [Estigma e comportamento desviante em Copacabana] analisa empiricamente um caso de estigmatização de comportamento desviante e procura demonstrar que este é consequência muito mais da forma como outros indivíduos rotulam a ação do que uma característica inerente ao comportamento.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023
Cosmologia e escolha de terapias
Gostaria de elaborar uma lista com os posicionamentos cosmológicos ou de ontologia (natureza da realidade) implícitos em cada tipo de terapia. Escolhi como denominador comum termos sobre fisicalidade ou imaterialidade que teriam desdobramento nas concepções específicas.
Identificação com um tipo de concepção pode levar a preferência por um tipo de terapia.
Não me sinto seguro de estar fazendo uma descrição boa e completa; É uma primeira tentativa.
Neurociência cognitiva e psicologia cognitiva: matéria/cérebro e mente/espírito/cognição
Terapia corporal: vitalismo e mente/espírito
Psicanálise: mente/espírito, pulsões naturais e ciências humanas em abstrações
Neuropsicanálise: matéria/cérebro e mente/espírito
Terapia sócio-histórica: social e histórico e ciências humanas em abstrações (emergente?)
Gestalt: mente/espírito/descrição da intencionalidade
Terapias alternativas: mente/espírito/misticismo
Sistêmica: família (emergente?)
Psicossomática: corpo,mente/espírito/simbolismo
Psiquiatria e Medicamentos: Matéria/fisicalismo/cérebro/reducionismo ontológico
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023
Desempenho e hierarquia/igualdade (Brasil)
Respeito: pais e filhos / rua e casa
terça-feira, 14 de fevereiro de 2023
Boa gente no Brasil
Significado de desclassificado no Brasil
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023
Liberdade, tutela/coerção e riscos
Um silogismo básico de uma concepção de liberdade:
P 1) Liberdade é desregulação
P 2) Desregulação é algo perigoso
C) Logo, a liberdade é perigosa
É uma questão conceitual sobre a liberdade que tem implicações para a reforma psiquiátrica e para atitudes frente à tutela e coerção dos pacientes mentais.
Nessa concepção, outros valores como saúde, segurança estão acima da liberdade. O paternalismo defende esses valores em detrimento da liberdade. Mas o paternalismo toma alguns modelos ou valores como os melhores de forma etnocêntrica e a pessoa que perde a liberdade preza por outros modelos ou valores. Logo, a tutela e a coerção pode ser uma forma de incapacidade de relativizar alguns modelos que são tomados como absolutos ou sagrados.
Mas talvez nem seja necessário relativizar valores pois a implicação de desregulação e perigo pode ser falsa e apenas uma dedução em forma de aniquilação simbólica que interpreta como perigo o desvio de alguns modelos tomados como absolutos ou sagrados. O perigo seria escapar de um modelo que se quer concepção exclusiva do mundo e que quer ter o poder da força para se legitimar. E escapar ao modelo exclusivo do mundo seria minar o poder de pessoas que promovem esses modelos.
domingo, 12 de fevereiro de 2023
Carnaval e loucura
"Em condições normais, esse espaço - por ser vigorosamente contrário ao mundo cotidiano, e sendo dele uma imagem invertida - apenas reforça esse mundo, confirmando-o. Mas as condições normais são muito relativas e, como procurei revelar no capítulo anterior a forma carnavalesca parece muito importante como um modo alternativo para o comportamento coletivo, e sobretudo porque é no carnaval que são experimentadas novas avenidas de relacionamento social que, cotidianamente, jazem adormecidas ou são concebidas como utopias. Por isso, o mundo do carnaval é, para nós, o mundo da loucura!"
Carnavais, malandros e heróis. Roberto DaMatta (p. 88)
Autoritarismo (antropologia)
"Rituais que reforçam as regras e os papeis sociais existentes como o Dia da Pátria, por exemplo, são multiplicados em sistemas em que o autoritarismo é dominante. E autoritarismo significa a diminuição de visões múltiplas sobre a mesma estrutura social. Daí o nome totalitário para tais sistemas que expressam visões contaminadas (ou totais) da ordem social, ou seja, representam perspectivas exclusivas dessa ordem."
Carnavais, malandros e heróis - Roberto DaMatta (p. 76)
sábado, 11 de fevereiro de 2023
Injeções de depósito e tratamento contínuo
Artigo coloca em dúvida se injeções de depósito de neurolépticos conseguem manter a continuidade do tratamento.
https://www.medscape.com/viewarticle/988080?src=WNL_dne1_230210_MSCPEDIT&uac=455565PR&impID=5155085
terça-feira, 7 de fevereiro de 2023
Significados associados ao determinismo
Determinismo é uma perspectiva filosófica sobre a determinação de fenômenos ou eventos por outros eventos ou condições.
O determinismo está associado psicologicamente a alguns símbolos como coerção, falta de escolha, destino e falta de controle sobre a própria vida. A defesa do livre arbítrio seria a defesa desses aspectos associados.
O determinismo também tem o significado negativo de que alguns fenômenos estão totalmente explicados e determinados por alguns fatores escolhidos como os mais fundamentais.
Mas a concepção de que fenômenos são determinados pela relação entre eventos é fundamental na perspectiva científica. Portanto, para a inteligibilidade dos fenômenos da natureza e sociedade.
sábado, 4 de fevereiro de 2023
"Silêncio da mente/cérebro" e o comportamento ativo
Uma das concepções de saúde na medicina é o silêncio dos órgãos. Nas questões de saúde mental seria transposto para silêncio da mente/cérebro.
Mas nem sempre tudo é tão interno como faz parecer esse modelo científico. Parte do que esse modelo afirma ser disfunção interna pode ser resultado de exigências ambientais ou contingências de reforçamento não satisfeitas. Para ter "silêncio da mente/cérebro" é necessário apresentar classes de comportamentos operantes que minimizem os eventos aversivos e maximizem os reforçadores positivos. Dessa maneira ativa e não através da passividade de uma estrutura orgânica é que a "mente/cérebro" ficam silenciosos.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023
Invega Sustenna e variabilidade da frequência cardíaca (VFC)
Variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e Invega Sustenna
[Atualizado em 9 de fevereiro de 2023]
Eduardo Popinhak Franco
Objetivo: avaliar alegação de estabilidade de dose
Revisão conceitual
A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) ou heart rate variability (HRV) é um indicador da atividade do sistema nervoso autônomo utilizado na medicina e na psicofisiologia da neurociência ou psicologia cognitiva. A variabilidade da frequência cardíaca consiste em quanto os batimentos cardíacos variam. As sessões devem ter no mínimo 2 minutos. Foi utilizado o aplicativo Nami criado pelo ex-professor de neurociência cognitiva da UFSC Emílio Takase. O sensor utilizado foi o microfone embutido de um celular Samsung sem capinha. Ajustes foram feitos do sinal conforme indicado em documento publicado na internet durante a pandemia de Covid-19.
A variável RMSSD indica ativação do freio parassimpático e valores maiores indicam maior resiliência psicológica do organismo e reações aumentadas de relaxamento, conforto e prazer. O nervo vago liga a parte superior do coração ao cérebro e está relacionado com o sistema nervoso parassimpático (RMSSD). O resto do coração é ligado ao resto do corpo através de outros nervos, têm efeito sobre o padrão de batidas do coração e está relacioado ao sistema nervoso simpático que aumenta as reações de estresse. A coerência cardíada indica o grau em que os recursos fisiológicos do organismo estão sincronizados, aumentando a eficiência fisiológica nas atividades diárias.
Método e análise de dados
O tratamento dos dados foi realizado ao obter-se a média diária de RMSSD ao longo do mês a partir de cinco ou seis mensurações na maior parte dos dias; comparar o valor de RMSSD nos três períodos do dia obtendo a média de todos os valores de cada período do dia nas duas primeiras semanas. A coerência diária e o RMSSD diário serão obtidos posteriormente por meio da importação dos arquivos de extensão CSV de cada dia para obter o cálculo automático de estatísticas feito pelo aplicativo Nami.
A opção por obter médias diárias de RMSSD foi feita pela semelhança de metabolização dentro de um mesmo dia que se distribui pelas diferentes mensurações num mesmo dia. A média permite balancear os valores de metabolização distribuiídos nas diferentes mensurações num dia e as interferências do ambiente (atividades diárias). Essa proposta de análise de dados se confirmaria se os valores médios diários obtidos forem graduais (paramétricos). Posteriormente poderia ser feita a mensuração logo ao despertar pela manhã ao longo dos dias do mês para evitar interferência das atividades diárias, o que facilitaria a replicação do resultado dessa coleta de dados.
A pergunta que motivou a coleta de dados foi a verificação da alegação de estabilidade de dose promovida por Invega Sustenna e seu efeito terapêutico.
Foi administrado 100mg (miligramas) da injeção Invega Sustenna no glúteo. Invega Sustenna é um metabólito da risperidona que é o equivalente a risperidona pré-processado para o músculo.
Tentou-se controlar a diferença do ritmo circadiano fazendo 2 mensurações da variabilidade da frequência cardíaca ou mais em cada período do dia ao longo do mês. A média da variabilidade da frequência cardíada com base nas média em cada período do dia nas duas primeiras semanas indicou uma diferença pequena entre os três períodos do dia. Tentou-se manter estável (controlar variável) a postura sentada na mesma cadeira, a saciação da fome, a hidratação, o tempo de repouso ereto antes da mensuração, a sensação de calor e os hábitos de exercício físico. Essas variáveis foram mantidas de maneira semelhante aos hábitos diários do participante.
Resultados
O valor médio de RMSSD no dia anterior à administração de Invega Sustenna foi 28, valor não diferente do primeiro dia da administração. O valor de RMSSD foi semelhante (acima) do primeiro dia até aproximadamente o sexto dia. Do sétimo dia até o vigésimo dia o valor médio de RMSSD foi menor. Do dia vigésimo primeiro até o dia 30 o valor médio de RMSSD foi instável, com valores altos e baixos semelhantes aos da primeira semana até o dia seis e das segunda e terceira semanas. Nos dia 17, 20,21 e 29 a quantidade de mensurações foi menor do que seis, respectivamente cinco, quatro, quatro e três*. A mensuração não foi feita nos dias cinco, do décimo até décimo segundo e nos dias vigésimo sexto até vigésimo oitavo. No dia cinco houve um dia mais movimentado. Nos dias décimo até décimo segundo mudança de ambiente e de rotina. Nos dias vigésimo sexto até vigésimo nono houve mudança de ambiente, de rotina e evento altamente estressante no dia vigésimo sexto.
Os valores das mensurações de cada dia tiveram uma variação de no máximo [inserir valor]. Em alguns momentos o valor de RMSSD se estabilizou na maior parte da sessão entre cinco e dez. Mas os valores finais dessas sessões foram maiores, oito ou dez e aproxidamente treze a dezesete, devido às variações dentro da sessão e interferência de movimento e em alguns momentos contração do estômago. O aplicativo Nami corrige automaticamente as batidas do coração fora da curva (outliers), então é possível que as interferências sejam corrigidas.
Na quarta semana (dia vigésimo primeiro até dia trigésimo) os valores instáveis podem ter ocorrido devido a algum processo relacionado com a abstinência de redução de dose (já que o valor de RMSSD é inversamente proporcional à dose de neuroléptico metabolizado como foi avaliado com o comprimido Socian em 2014). Outra possibilidade é que tenha havido interferência do evento altamente estressante e da rotina. A quantidade de mensurações pode não ter afetado significativamente o valor médio de RMSSD por que valores instáveis semelhantes foram obtidos com quatro e seis mensurações por dia, respectivamente, nos dia vigésimo, vigésimo primeiro (quatro mensurações) e nos dias vigésimo segundo e vigésimo terceiro (seis mensurações). No dia vigésimo novo foram realizadas apenas três mensurações (verificar) mas o valor médio não foi diferente de outro dia em que foram realizadas seis mensurações. Adicionar uma mensuração (de cinco para seis) teve efeito pequeno no valor médio de RMSSD nos dias ao longo do mês.
Valores médios de RMSSD dos períodos dos dias das primeiras semanas obtidos para avaliar ritmo circadiano (relógio biológico).
m 17,375
t 18,9375
n 18,1875
Discussão
Pode-se afirmar que esse padrão de metabolização foi observado devido à administração da injeção no glúteo. A administração no músculo deltóide provavelmente só tornaria o início do padrão de metabolização acontecer antes mas a variação no grau de metabolização provavelmente também ocorreria.
Como os valores médios de RMSSD em dias adjacentes foi semelhante e porque os valores da quarta semana se assemelharam aos da primeira semana, optou-se por não mensurar RMSSD na quinta semana com o objetivo de replicação.
Também seria interessante avaliar o grau de regularidade ou irregularidade nos valores de RMSSD e valores máximo e mínimos para Invega Sustenna e comprimidos neurolépticos dentro de cada sessão e ao longo das sessões do mês para Invega Sustenna.
Observação: Quem tiver interesse em reanalisar os dados com a correção automática do Kubios pago. outros aplicativos e refazer os cálculos. Envie e-mail para crisedapsiquiatria.qma56@simplelogin.com
Referências:
Efeito da Medicação Neuroléptica Socian (100mg) na Variabilidade da Frequência Cardíaca
https://crisedapsiquiatria.blogspot.com/2014/07/efeito-da-medicacao-neuroleptica-socian.html
Heart rate variability: physiology, methodology and experimental possibilities
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023
"Fisiologia não é comportamento" (Behaviorismo)
"Fisiologia não é comportamento"
Escrever sobre essa afirmação e relacionar com a dificuldade de compreender e se interessar em intervenções comportamentais.
Algumas dificuldades:
- observação imediata da fisiologia no próprio corpo (topografia: apenas uma parte do comportamento)
- definição de comportamento como expressão pública do interior ou de estrutura orgânica interior
- percepção insuficiente de como a aprendizagem altera a fisiologia (pelo histórico de alteração do corpo e pelo ambiente atual)
- necessidade de aprendizagens relativamente sofisticadas para compreender e se interessar nas intervenções
- possibilidade de alteração da fisiologia sem alterar os eventos do cotidiano por meio de biofeedback (estimulação ambiental), drogas e outras intervenções cerebrais.
- aversividade da percepção de que a pessoa está produzindo as dificuldades ou não tem habilidades para resolver as dificuldades
- definição reducionista ontológica (bioquímica ou de outra natureza) dos fenômenos fisiológicos
- necessidade de aprendizagem de que comportamento é processo físico e biológico num nível emergente mas que tem correlatos fisiológicos comprovados em nível inferior (os mesmos do reducionismo e da neurociência)
- necessidade de aprendizagem que intervenções cerebrais também são manipulações ambientais
- amplo acesso a descrições estruturalistas dos fenômenos (características físicas, estruturais como reducionismo ontológico) e acesso limitado a descrições funcionais dos fenômenos
Neurolépticos, iniciativa e desmame
A cirurgia de lobotomia (destruição da parte frontal do cérebro) retirava a iniciativa dos pacientes. Com o surgimento dos neurolépticos/antipsicóticos/tranquilizantes maiores, a lobotomia foi substituída por essa classe de drogas. No início, o discurso de marketing considerava os efeitos de forma sincera como semelhantes aos efeitos da lobotomia (retirada de iniciativa, passividade, apatia). Com a frequência geral de comportamentos operantes reduzida, busca-se obter que o paciente incomode menos seu círculo social. Não sem o custo para o paciente de muita aversividade, o que pode aumentar a motivação para continuar reclamando ou incomodando.
Com o desmame dos neurolépticos/antipsicóticos/tranquilizantes maiores, o usuário da droga têm sua iniciativa aumentada novamente. Mas como resultado de adaptação compensatória que leva ao aumento da quantidade de receptores de dopamina com o tempo de uso. A recomendação é que o desmame seja feito lentamente, tanto mais lentamente quanto mais tempo de uso [essa informação é incompleta e é arriscado se basear somente nisso para fazer desmame]. A redução progressivamente mais lenta pode levar a uma readaptação dos receptores de dopamina de forma que o processo de transição da fisiologia e dos comportamentos operantes não ocorra abrupta ou rapidamente além do que o usuário da droga é capaz de suportar e o ambiente é capaz de tolerar. Com o processo de transição, novidades tenderão a ocorrer tanto da parte da pessoa fazendo desmame quanto do ambiente social. Essas novidades levam a necessidade de novos ajustes comportamentais dinâmicos. Se a redução da dose for lenta, se torna mais simples e gradual o processo de ajuste comportamental às novidades. Novidades que podem ser interpretadas como crise ou retorno do processo subjacente da "doença mental", mas tal interpretação é resultado da insuficiência dos novos ajustes. Num ambiente de baixa tolerância e acolhimento das iniciativas do paciente e mal preparado para fazer novos ajustes, a dificuldade para fazer desmame de neurolépticos/antipsicóticos/tranquilizantes maiores aumenta. A essa dificuldade se soma que pela definição comportamental, o problema de interesse são os comportamentos inapropriados, e segundo o senso comum e o discurso psiquiátrico tradicional, fazer desmame é considerado um absurdo. Por isso, apenas tomar a decisão de fazer desmame dessa classe de drogas por conta própria, seja de forma abrupta ou de forma gradual, se torna difícil. Difícil ao ponto de a sociedade não conseguir assimilar essa possibilidade por falta de exemplos difundidos de desmame bem sucedidos.